Trump retoma campanha na Casa Branca, este sábado, com centenas de pessoas
O presidente americano, Donald Trump, vai realizar neste sábado seu primeiro ato público desde que anunciou que estava contagiado pela covid-19, na semana passada, informou nesta sexta-feira (9) um alto funcionário da Casa Branca, citado pela AFP.
A fonte, que pediu para ter a identidade preservada, confirmou à imprensa que Trump vai falar sobre "lei e ordem" no jardim sul da Casa Branca, e vai manter distanciamento social do público que comparecer, falando desde um balcão.
O evento acontecerá apenas duas semanas após a celebração no Rose Garden da nomeação da juíza Amy Coney Barrett para o Supremo Tribunal, um evento que está a ser considerado como a possível fonte de um surto que infetou Trump , a primeira-dama Melania e pelo menos duas dezenas de outras pessoas próximas do presidente .
Anthony S. Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas do país, disse à CBS News Radio, nesta sexta-feira, que houve um "evento de super propagação do vírus na Casa Branca", observando que as pessoas se aglomeraram ali sem usar máscaras.
Uma pessoa familiarizada com o planeamento do evento de sábado na Casa Branca disse que todos os participantes serão obrigados a levar e usar uma máscara, e que terão que se submeter a uma verificação de temperatura e preencher um questionário.
Além disso, o presidente norte-americano, que ainda não deu a conhecer qualquer teste negativo desde que ficou infetado, vai organizar um comício de campanha na Florida na segunda-feira, o primeiro desde o anúncio de seu contágio.
O evento na cidade de Sanford ocorrerá 12 dias depois do anúncio de que testou positivo num exame para o novo coronavírus. A equipa médica do presidente anunciou que a partir deste sábado Trump poderá retomar os eventos públicos de forma segura.
Donald Trump está a tentar provar ao eleitorado dos Estados Unidos que tem uma força excecional e que deve ser reeleito, depois de ter testado positivo à covid-19, considera Robert Blendon, professor de Política de Saúde e Análise Política das escolas de saúde e de governação, da Universidade de Harvard.
Em entrevista à Lusa, Blendon considera que Donald Trump está a tentar provar que está a ultrapassar a doença covid-19 "com força e determinação", como "argumento para continuar na presidência" depois das eleições de 03 de novembro.
Apesar das incertezas que existem e de a equipa médica do Presidente não ter confirmado inequivocamente as melhorias, Robert Blendon afirmou que a estratégia de Trump consiste em "mostrar que continua a funcionar num nível tão alto e exigente" como a presidência e que tem "um nível de força que é excecional em relação a outros".
Donald Trump, que tomou posse com 70 anos, é o mais velho Presidente dos EUA, agora com 74 anos e confirmou ter testado positivo à covid-19 na semana passada.
O Presidente passou vários dias no hospital militar Walter Reed e, depois de ter saído na segunda-feira, tem insistido que se sente bem e pediu aos norte-americanos para "não terem medo" da doença.
Para Robert Blendon, diretor do programa de pesquisas de opinião da Universidade de Harvard, o que Donald Trump está a dizer tem de ser visto à luz das sondagens para as próximas eleições, que dão uma grande vantagem a Joe Biden sobre o Presidente.
O "esforço nas últimas semanas é para mostrar que Trump tem força, poder e capacidade de liderança. Ou seja, um dos objetivos é tentar diminuir esse intervalo das sondagens por mostrar como é forte a lidar com a ameaça", considerou o especialista em gestão de saúde pública.
Robert Blendon analisou que o "problema crítico no pensamento dos eleitores pode ser de 'votar em alguém que pode não sobreviver durante todo o mandato'", por isso, a mensagem de Trump consiste em contrariar essas dúvidas e assegurar, "pelo menos os apoiantes, que está saudável, capaz de continuar na presidência e forte para continuar a campanha".
Segundo o professor da Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas do mundo, o Presidente sabe que "a única maneira de ser reeleito é ter sido campeão de uma economia crescente" e por isso, a campanha para a reeleição foca-se no bom período económico que foi vivido nos EUA no primeiro mandato.
Assim, a atual administração tenta dar novo fôlego para a economia crescer novamente, dando contornos aos conselhos dos especialistas de saúde pública, o que cria "tensões", explicou Robert Blendon.
O Presidente dos Estados Unidos e recandidato ao cargo, Donald Trump, insistiu hoje que está pronto para retomar a campanha e que se sente "perfeito", apesar de ainda persistirem dúvidas sobre a sua recuperação da covid-19.
"Estou a sentir-me bem. Muito bem. Acho que perfeito", garantiu Donald Trump em declaração, através do telefone, à Fox Business, citada pela Associated Press (AP), a primeira desde que teve alta depois do internamento de três dias numa unidade hospitalar.