Trump em Kenosha contra os protestos antirracistas. "É terrorismo doméstico"
Donald Trump ignorou o pedido do governador de Wisconsin e deslocou-se na terça-feira a Kenosha, a cidade que tem sido palco de protestos antirracistas, depois de um cidadão negro ter sido baleado nas costas por um agente da Polícia.
O presidente norte-americano defendeu as forças policiais e criticou os atos de violência que têm pautado as manifestações desencadeadas após Jacob Blake, de 29 anos, ter sido atingido com sete tiros em frente aos filhos.
"Estes não são atos de protesto pacífico, mas terrorismo doméstico", afirmou Trump depois de visitar áreas danificadas da cidade, depois de noites de protestos violentos na semana passada, que resultaram em dois mortos.
Multidões alinharam-se nas ruas por onde passava a comitiva do presidente, com apoiantes de Trump de um lado e manifestantes do movimento Black Lives Matter do outro, gritando uns com os outros à distância, mas com alguns momentos de maior tensão.
"Obrigado por salvar a nossa cidade", dizia o cartaz de um apoiante de Trump. "Não é o meu presidente", podia-se ler noutro cartaz.
Pouco depois de ter chegado à cidade, em visita que foi contestada pelos líderes do estado e da cidade, Trump deslocou-se a locais onde eram visíveis sinais de violência e fogo e acusou os democratas, que lideram o Wisconsin e Kenosha, pela situação.
A coluna automóvel de Trump passou entre apoiantes e contestatários, alguns dos quais com cartazes onde se lia "Black Lives Matter" ("A Vida dos Negros Importa").
Uma massiva presença policial, completada com vários veículos blindados, garantia a segurança do presidente norte-americano, além de terem sido erigidas barricadas ao longo do percurso, para impedir que as pessoas se aproximassem da caravana automóvel durante a sua deslocação.
Trump acabou por visitar uma loja que foi incendiada, tendo feita uma promessa aos proprietários do estabelecimento. "Vamos ajudá-los a reconstruir."
Durante a visita, o presidente dos EUA destacou o "trabalho fantástico" das forças policiais.
"Políticos imprudentes de extrema-esquerda continuam a promover a mensagem destrutiva de que a nossa nação e as nossas forças policiais são opressivas e racistas. Só que a grande maioria dos agentes da lei são funcionários públicos honrados, devotos e corajosos", considerou Donald Trump num vídeo de divulgação à visita que fez a Kenosha, divulgado nas redes sociais.
"Esta é uma grande área, um grande estado", referiu Trump, acrescentando mais tarde que a sua administração iria destinar, pelo menos, 47 milhões de dólares às forças de Polícia de Wisconsin, às pequenas empresas e a programas de segurança pública.
"Vamos colocar Kenosha em forma de novo", prometeu o presidente norte-americano.
Trump recusou-se a condenar a crescente presença de vigilantes armados nas ruas, tendo-se referido ao caso de Kyle Rittenhouse, um jovem de 17 anos que alegadamente matou dois manifestantes nos protestos, como uma "situação interessante".
"Temos de condenar a perigosa retórica antipolícia", afirmou numa escola de Kenosha.
Numa entrevista divulgada na segunda-feira, Donald Trump comparou os agentes da Polícia que têm de tomar decisões em momentos complicados aos jogadores de golfe que estão sob pressão nos torneios.
O governador do Wisconsin, Tony Evers, democrata, pediu a Trump para que não visitasse Kenosha e Joe Biden acusou-o de fomentar deliberadamente a violência para ganho político.
"Precisamos de um presidente que baixe a temperatura e una o país - não um que a eleve e nos separe ainda mais", escreveu no Twitter o candidato democrata às eleições presidenciais de 3 de novembro.
Trump, por sua vez, acusa Biden de fraqueza em lidar com protestos violentos em cidades como Kenosha e Portland, considerando o democrata incapaz de controlar a ala esquerda do partido.
A visita de Trump aconteceu numa altura em que novos protestos foram desencadeados após um homem negro, identificado como Dijon Kizzee, de 29 anos, ter sido morto pela Polícia durante uma operação em Los Angeles em que os agentes procuravam deter o homem.
Com Lusa