Travesseiros ou toucinho do céu? As 7 Maravilhas vão eleger o melhor doce de Portugal
Duarte Matos e Cláudio Dramisino estão a canalizar toda a sua atenção para a colocação de uma folha de hortelã em cima de miniaturas de brownie com musse de maracujá e uma framboesa. É uma tarefa meticulosa, por isso socorrem-se de pinças. São ambos alunos finalistas do curso de pastelaria da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Pediram-lhes que criassem um doce simples, pequeno e que se comesse facilmente para servir na apresentação da 8.ª edição do concurso "7 Maravilhas dos Doces", que aconteceu esta terça-feira na escola onde Duarte e Cláudio estudam.
"Em Portugal a pastelaria está a crescer muito e com a ajuda do programa vai bombar", diz Cláudio, de 19 anos. O estudante veio de Portimão, no Algarve, para estudar doçaria; quer ser pasteleiro tal como o pai e a mãe.
Duarte pega na deixa do colega e acrescenta: "Esta é uma forma de mostrar mais os pasteleiros que muitas vezes são escondidos atrás dos chefes".
"A escola é o local por excelência onde podemos prever o futuro e as nossas escolas de hotelaria e de pastelaria têm essa missão: garantir que os nossos valores, a nossa tradição, o saber de tantas pessoas que guardam receitas ancestrais se perpetuam", disse Ana Paula Pais, diretora coordenadora de Formação do Turismo e Portugal, durante a apresentação do concurso. "Faltam profissionais qualificados [na pastelaria] e nessa perspetiva este concurso servirá também para valorizar esta profissão".
A "dignificação das profissões relacionadas com a doçaria" foi um dos critérios para a seleção do tema para o concurso em 2019, indicou o Presidente das 7 Maravilhas, Luís Segadães. Mas não só. "Este tema é dos melhores, porque não há praticamente zona do país, pequena ou grande, cidade ou aldeia, que não tenha doçaria. E é uma coisa que é motivo de orgulho. O que vimos de outros anos é que toda a gente nos recebe com um docinho que é feito naquele sítio".
A ideia é que os doces a concurso tenham uma forte componente do local de onde vieram. Isto deve ser feito, por exemplo, através da utilização de ingredientes regionais, explica o mentor da iniciativa.
As candidaturas às "7 Maravilhas dos Doces" estão abertas até março e, à semelhança do que aconteceu nas edições anteriores, é o público quem irá eleger os melhores doces de Portugal. Mas antes um painel de especialistas fará uma pré-seleção das candidaturas, reduzindo a lista a 140 doces de 20 regiões portuguesas (18 distritos de Portugal continental, Açores e Madeira). Seguem-se 20 emissões televisivas transmitidas pela RTP entre julho e agosto e os vencedores serão anunciados a 7 de setembro.
"Este programa é um serviço público, porque vai levar a RTP a todos os cantos do país", comenta Miguel Freitas, secretário de Estados das Florestas e do Desenvolvimento Rural, que olha para este concurso como "uma receita de sucesso".
Para além da preocupação com a cobertura de todo o território nacional, a apresentadora de televisão Catarina Furtado, uma das embaixadoras do projeto, lança o repto: "Acho que também há outro desafio que é pôr menos açúcar nos doces". Em declarações aos jornalistas no final da apresentação, o presidente das 7 Maravilhas indicou que esta questão estará contemplada no concurso através da participação da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, um dos membros do júri de especialistas.
Jurados e público escolherão os melhores doces das seguintes categorias:
- Doces de território;
- Bolo de pastelaria;
- Doce de colher e doce à fatia;
- Biscoitos e bolos secos;
- Doces festivos;
- Doces de fruta e mel;
- Doces de inovação.
No ano passado foram eleitas as 7 Maravilhas à Mesa. Antes o concurso nacional escolheu as 7 Maravilhas das Aldeias (2017), das Praias (2012), da Gastronomia (2011), Naturais (2010), de Portugal (2007) e de Origem Portuguesa no Mundo (2009).