Continente diz que só 11 trabalhadores fizeram greve
Os trabalhadores dos hiper e supermercados e armazéns do Continente estão este domingo em greve por melhores salários e condições de trabalho, bem como pelo encerramento dos estabelecimentos aos domingos e feriados. Uma greve de 24 horas que se insere num conjunto de ações de luta dos trabalhadores das empresas de distribuição, que têm decorrido ao longo do mês e foram convocadas pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).
De acordo com o Continente, apenas 11 dos cerca de 32 mil trabalhadores da empresa aderiram à paralisação. "O Continente não está em greve e não se revê nas notícias veiculadas sobre esta matéria. Num universo global de 32 mil colaboradores, apenas 11 colaboradores aderiram a esta greve a nível nacional", refere a empresa, que diz ter "implementada uma política retributiva que respeita o Contrato Coletivo de Trabalho do setor, sendo ela também ajustada às exigências das diferentes funções".
Ao início da tarde, Nádia Reis, diretora de Relações Públicas da empresa, já tinha afirmado ao início da tarde ao DN que a greve tinha uma "adesão extremamente reduzida" - "Estamos a falar de três colaboradores em loja e cinco colaboradores na logística num universo global de mais de 30 mil colaboradores".
"Sendo a greve um direito de qualquer cidadão e, naturalmente, também dos nossos colaboradores, a adesão é praticamente inexistente", assegurou a responsável da empresa, propriedade do grupo Sonae.
O DN dirigiu várias questões ao Continente sobre as críticas e reivindicações do sindicato, tendo a empresa remetido para a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição. A APED, por seu lado, escusou-se a qualquer comentário.
No âmbito destas greves, desde o dia 1 de junho já estiveram envolvidos em ações de luta por melhores salários e condições de trabalho os trabalhadores do Pingo Doce, IKEA, Intermarché, C&A, Lidl, Dia e Jumbo.
Segundo o CESP, os trabalhadores do setor têm vindo a empobrecer pois, atualmente, os salários de topo de carreira estão 26 euros acima do salário mínimo, quando em 2010 estavam 140 euros acima da retribuição mínima.
O CESP e os trabalhadores da distribuição reivindicam a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho e acusam a associação patronal do setor (APED) e as empresas suas filiadas de fazerem depender a negociação dos aumentos dos salários da aceitação do banco de horas pelos trabalhadores.
"No caso do distrito do Porto, emitimos pré-aviso para que os trabalhadores pudessem participar. Admitimos que a adesão à greve não seja muito significativa, mas também não o esperaríamos, porque os salários são tão baixos que os trabalhadores não podem abdicar das horas a 100% ao domingo. O que se pretende é mais uma ação de protesto e denúncia junto dos clientes", disse à agência Lusa o dirigente do CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal Luís Figueiredo, que é também trabalhador do Continente.
A ação do distrito do Porto decorre junto ao hipermercado do Gaiashopping, em Vila Nova de Gaia, sendo que as restantes se registam num hipermercado da zona de Lisboa e noutro da área de Coimbra.
Os clientes do Continente do Gaiashopping estão a receber prospetos que os informam sobre as condições de trabalho e salariais dos trabalhadores que diariamente os atendem "com sorrisos e simpatia", indicou o sindicalista.
O texto acusa a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (ADEP), que é presidida pela Sonae/Continente, de bloquear a negociação do contrato coletivo de trabalho há quase três anos, querendo a redução do valor pago pelo trabalho suplementar e a aceitação do banco de horas (trabalho à borla) a troco de 'aumentos' salariais de 11 cêntimos ao dia".
"Reivindicamos um aumento geral de salário num mínimo de 40 euros", disse o dirigente sindical Luís Figueiredo, sublinhando que atualmente o vencimento de topo está 26 euros acima do Salário Mínimo Nacional "quando em 2010 estava 140 euros acima da retribuição mínima nacional".
Os trabalhadores exigem ainda o encerramento das lojas aos domingos e feriados "de forma a melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e das suas famílias", disse o dirigente, sublinhando o apoio a essa causa dado recentemente pelo bispo do Porto, Manuel Linda.