Tóquio 2020: Cancelamento ou adiamento pode custar ao COP até um milhão de euros

José Manuel Constantino assume estar "preocupado", até porque, lembra, "o quadro internacional é profundamente desfavorável", dando como exemplo o cancelamento de sucessivas provas à escala mundial, nas quais se inclui o Euro 2020 de futebol.
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O cancelamento ou o adiamento por um ano dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 pode custar ao Comité Olímpico de Portugal (COP) até um milhão de euros, custo que será mais significativo quanto mais tarde surgir a decisão.

"A missão custa um milhão. Não tenho neste momento noção do valor que vamos ter de comprometer já. Uma parte já está comprometida, tivemos de sinalizar todas as reservas que fizemos, mas agora temos de as confirmar. Temos de tomar decisões a partir desse princípio [que há Jogos Olímpicos]. Se a decisão for em sentido contrário, naturalmente terá consequências muito penalizantes para a economia dos comités olímpicos, em particular do COP", assumiu José Manuel Constantino.

Em declarações à Lusa, o presidente do COP diz que é penalizador para os comités olímpicos nacionais decidir na incerteza, pois estão a comprometer-se com "uma logística com custos envolvidos muito significativos".

"Vamos ter de tomar decisões, tratar disto tudo com o pressuposto de que os Jogos Olímpicos se vão realizar... e mais para a frente se toma a decisão não se realizar, há consequências muito gravosas", reforçou.

Como exemplos, deu a necessidade de ir fazendo diverso tipo de pagamentos, como alojamentos, viagens, envio de contentor com o material da missão e de animais para as provas de hipismo.

José Manuel Constantino assume estar "preocupado", até porque, lembra, "o quadro internacional é profundamente desfavorável", dando como exemplo o cancelamento de sucessivas provas à escala mundial, nas quais se inclui o Euro 2020 de futebol.

"A menos que o COI tenha elementos de avaliação da situação que me escapam... e espero que tenha. Para tomar esta decisão estando a ser assessorado pela Organização Mundial da Saúde, é porque tem elementos que lhe permitem sustentar o que está a defender sob pena de, se isso não acontecer, o COI entrar em crise de credibilidade profundíssima perante o mundo inteiro", avisou.

Verdade desportiva desvirtuada ante diferentes condições de preparação

José Manuel Constantino de fende que a realização dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 nas datas previstas, de 24 de julho a 09 de agosto, vão desvirtuar a verdade desportiva, dadas as diferentes condições de preparação, defendeu hoje o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).

"Há países limitados no uso de equipamentos desportivos ou na liberdade de circulação. Há atletas que estão sem treinar ou então fazem-no em condições de recurso. Quer os apurados quer os que estão ainda em fase de apuramento", justificou José Manuel Constantino.

Em declarações à Lusa, o dirigente, que comentava a pandemia covid-19, diz que serão uns Jogos "sem igualdade", dando como exemplos as situações de Portugal e Espanha com os Centros de Alto Rendimento (CAR) encerrados.

Curiosamente, e após a reunião de todos os comités olímpicos europeus com o internacional (COI), ficou a perceber que a Itália, o país do Velho Continente mais afetado por esta crise, "é o único que arranjou uma situação de exceção, pois é o seu comité olímpico quem gere os recintos desportivos".

"Estão numa situação com proteção de saúde dos seus desportistas, que continuam a treinar. Não sei se todos ou só alguns", contou, recordando que "na maioria dos países os atletas estão parados".

José Manuel Constantino assume que a equidade desportiva "está posta em causa" e revelou que o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, "evitou" responder quando lhe perguntaram a data em que prevê uma decisão definitiva quanto à realização de Tóquio 2020 nos moldes previstos.

"Evitou a questão. Nem ele próprio se compromete em termos públicos com uma data para confirmar tudo isto", disse, reconhecendo que a atual incerteza é "crítica" para todas as partes envolvidas.

COP pediu "situação excecional" para os atletas que preparam Tóquio 2020

O Comité Olímpico de Portugal (COP) pediu ao governo uma "situação excecional" para os atletas que preparam Tóquio 2020, isentando-os das condicionantes do estado de emergência em que Portugal entra hoje.

"O COP oficiou junto do governo e falou com o Secretário de Estado da Juventude e Desporto no sentido de, se houver determinadas restrições à liberdade de circulação, para criar uma situação excecional para os atletas em preparação olímpica", revelou José Manuel Constantino.

À Lusa, presidente do COP não quer que os atleta lusos saiam ainda mais prejudicados com a pandemia da covid-19: "Pelo menos que possam circular e adotar as soluções alternativas que algumas federações conseguiram arranjar para minimizar o problema da preparação dos atletas".

O presidente do COP lamentou a atitude do Comité Olímpico Internacional que "colocou nas mãos dos comités olímpicos nacionais e dos governos encontrar soluções alternativas para atletas possam treinar".

"Isto é muito bonito, mas não é fácil de concretizar", criticou, sobre o facto de o COI manter Tóquio 2020 nas datas previstas, de 24 de julho a 09 de agosto, apesar das evidências internacionais com o alastrar da pandemia.

Face a todas as dúvidas e contingências, José Manuel Constantino admitiu que preferia que o evento fosse "adiado um ano".

"Não tenho elementos que me permitam avaliar se a posição do COI é sustentável ou não. Está a ser assessorado pela Organização Mundial da Saúde e parto do princípio que quem está a monitorizar informa o COI do quadro à data previsível do início dos Jogos", disse.

Ainda assim, anota o "problema" dos Jogos Olímpicos deverem ser "preparados muito antes", recordando que "neste momento há países que não podem preparar a participação dos seus atletas".

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