Tintin volta em formato inédito

Colecção é hoje apresentada em Lisboa, com novas traduções e álbuns num formato inovador.
Publicado a
Atualizado a

Portugal foi o primeiro país não francófono a publicar as aventuras de Tintin, na revista Papagaio, em Abril de 1936, e também o primeiro país do mundo a fazê-lo a cores (embora sem a autorização de Hergé, que até nem ficou muito aborrecido). Mais de 70 anos depois, Portugal volta a inovar com Tintin, reeditando, pela mão da ASA, os 24 álbuns das suas aventuras, num formato inédito, mais pequeno do que o tradicional da Casterman, mas maior do que o da colecção "Tintin de poche" da mesma editora.

"Estou muito contente por ter mantido a tradição de Portugal ser um dos países não francófonos a fazer uma coisa diferente com o Tintin, neste caso com o formato", explica ao DN Maria José Pereira, responsável pela banda desenhada da ASA, e também tradutora, juntamente com Paula Caetano, dos 24 livros da Colecção Tintin, que é hoje lançada no Espaço Tintin, em Lisboa (Avenida de Roma, 39-A), com apresentação de Nuno Artur Silva.

"O formato foi, aliás, uma das dificuldades que tivemos nas negociações com a Casterman, que demoraram cerca de dois anos", diz Maria José Pereira (os direitos da série pertenciam à Verbo há mais de 20 anos). "Eu queria fazer uma coisa completamente diferente em relação àquilo que havia, e quando as negociações começaram, esse formato ainda não existia em nenhum país. Havia só o maior, o standard, e o mais pequeno. Penso que num formato como o nosso, o Tintin chegará melhor às gerações mais novas."

Além do formato inédito e das traduções todas feitas de novo, a personagem volta a ter a grafia original - Tintin, em vez de Tintim. "O Tintin é uma marca", explica aquela responsável. "Quando saiu no Papagaio, escrevia-se Tim-Tim, nome que se manteve nas traduções dos álbuns dos anos 80, por uma questão de gramática portuguesa. Quando a Paula Caetano e eu pegámos nas traduções para esta nova colecção, considerámos a importância da marca, que é um nome - podia ser Charles ou Jean - , e que por isso havia que respeitar a sua grafia. E também não fomos buscar os nomes das primeiras versões das personagens, tal como existiram em Portugal, nomeadamente as do Papagaio. Ao contrário do que acontece no Astérix, em que os nomes das personagens são expressões idiomáticas, considerámos que os das do Tintin estavam bem traduzidos e não havia motivo nenhum para ir buscar os antigos, como Rom-Rom ou Pom-Pom para o Milou, porque na altura havia uma actriz chamada Milú e parecia mal que o cão tivesse o mesmo nome dela. Mas tendo sido feita nos anos 30, essa tradução é aceitável à luz da cultura de então e do hábito que havia de aportuguesar tudo nessa época."

As livrarias vão receber já os seis primeiros títulos da nova Colecção Tintin, prevendo-se que até final do ano estejam disponíveis 12 volumes. O objectivo da ASA é ter os 24 álbuns da colecção todos reeditados quando se estrear The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn, de Steven Spielberg, o primeiro dos três filmes adaptados das aventuras do herói de Hergé, em finais de 2011.

No entanto, e como frisa Maria José Pereira, "independentemente do filme, não faz sentido ficarmos muito tempo no mercado sem uma grande série de banda desenhada franco-belga como é o Tintin".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt