Tecnologia reduziu número de baixas

Com a evolução tecnológica tornou-se incontornável reduzir o número de vítimas e evitar a ocupação de território, ao contrário do que aconteceu há um século, coma guerra de trincheiras que fez milhões de mortos
Publicado a
Atualizado a

Dois acontecimentos da última semana retratam a evolução do armamento militar desde há 100 anos: um pequeno grupo de forças especiais equipadas com a mais moderna tecnologia de combate individual entra clandestinamente na Líbia, captura um inimigo e leva-o para os EUA. No Iraque, apela-se ao uso de drones contra o EIIL.

A tecnologia tornou-se incontornável por reduzir o número de vítimas e evitar a ocupação de território, ao contrário da guerra de trincheiras (1914-18) de há um século - com milhões de mortos - e que permitiu desenvolver morteiros, foguetes, granadas de mão, lança-granadas, armas antiaéreas, carros de combate. Os balões de ar quente deram lugar a aeroplanos motorizados para reconhecimento e bombardeamentos à vista, em apoio às manobras terrestre e naval - onde começava a revelar-se o submarino.

Em Portugal, o Exército recebeu os primeiros aviões em 1912. Em 1913, chegou o primeiro submarino para a Armada, que nas duas décadas seguintes substituiu a frota para defesa da costa (torpedeiros, canhoneiras) por uma esquadra oceânica (contratorpedeiros, submarinos). Na Segunda Guerra Mundial (1939-45), a primeira novidade foi o emprego combinado da aviação e carros de combate com apoio dos paraquedistas - a chamada guerra-relâmpago. Surgiram as espingardas automáticas e o uso massificado das pistolas--metralhadoras. As metralhadoras ligeiras e pesadas tiveram grande incremento, instaladas em carros de combate, navios e aviões.

Bombardeamentos aéreos em larga escala, forças de elite (que se destacavam pelo espírito de corpo, equipamento, características de emprego), grandes desembarques anfíbios, armas anticarro e os primeiros mísseis - as bombas voadoras V1 e V2 - também foram inovações. O submarino teve efeitos mais devastadores, com os porta-aviões a sobressaírem no Pacífico. A bomba nuclear representou um salto qualitativo no efeito de destruição causado pelas armas químicas na I Guerra Mundial.

O helicóptero, em termos operacionais, surgiu com as guerrilhas na Argélia (1954-62) e no Vietname (1964-73). Em Portugal, a Guerra Colonial (1961-74) começou com a Força Aérea autónoma do Exército e da Armada: permitiu modernizar as Forças Armadas com novas armas (FN, G3), viaturas blindadas, helicópteros e aeronaves de transporte, corvetas e fragatas.

Com os satélites a substituírem os aviões-espiões, a alta tecnologia chegou aos teatros de operações em 1990-91: para não sofrerem baixas, os EUA usaram aeronaves "invisíveis", mísseis de cruzeiro e bombas guiadas por laser na primeira guerra do Golfo. Na segunda (em 2013), como no Afeganistão, a luta contra o terrorismo - e a necessidade de evitar danos colaterais - acentuou essa opção: aparelhos não tripulados, silenciosos e equipados com sensores, câmaras e mísseis de alta precisão, combatentes com armas compactas e leves, computadores individuais, múltiplos sensores, proteção balística, gps, até minicâmaras para os comandos seguirem a operação à distância e em direto.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt