O Grupo de Contacto Internacional, que se reuniu ontem pela primeira vez em Montevidéu (Uruguai), está de acordo na necessidade de encontrar uma "solução pacífica" para a crise na Venezuela, defendendo ainda que essa solução deve vir "do povo venezuelano". O problema são as diferenças em relação a como conseguir esse objetivo e, mais importante, sobre se o objetivo final deve ou não ser eleições..Diferenças que refletem as divisões que existem na própria Venezuela entre os apoiantes do presidente Nicolás Maduro, que tomou posse a 10 de janeiro para um segundo mandato que não foi reconhecido por parte da comunidade internacional (que considerou as eleições de maio fraudulentas) e os do líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que a 23 de janeiro assumiu a presidência interina do país e já foi reconhecido por vários países.."Apesar de se assumir que há posições políticas diversas, todos os países do Grupo de Contacto Internacional partilham um mesmo objetivo", que foi descrito como "alcançar um foco internacional comum para apoiar uma resolução pacífica, política, democrática e dos próprios venezuelanos para a crise", segundo a declaração final.."Os problemas da democracia resolvem-se com mais democracia, não com menos, com diálogo e paz", disse o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, no início do primeiro encontro do Grupo de Contacto Internacional, lembrando que o povo venezuelano "merece o melhor futuro possível", sendo que "é o povo que deve construir esse futuro".."A dramatização dos conflitos só os agudiza, os condicionamentos hipotecam as hipótese de os resolver e os custos dramáticos são pagos pelos setores mais vulneráveis da sociedade", avisou o anfitrião, numa eventual crítica à União Europeia que partiu para o evento no Uruguai disposta a dialogar, mas com a condição de garantir que haverá eleições antecipadas na Venezuela..A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, defendeu que o objetivo do grupo é "contribuir para uma solução política e pacífica" da crise venezuelana. "O objetivo não é estabelecer uma mediação ou uma negociação direta, mas acreditamos que uma iniciativa internacional é importante para acompanhar uma saída pacífica e democrática através de eleições presidenciais livres, transparentes e credíveis", referiu, deixando claro que a resposta à crise "deve vir do povo da Venezuela"..O Grupo de Contacto Internacional conta com a União Europeia (que não fala a uma só voz, visto que há sete países dos 28 que não reconhecem Guaidó), oito países europeus a título individual - Portugal, Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália, Reino Unido e Suécia - e quatro latino-americanos - Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai. O México também esteve na reunião mas não faz parte do grupo que inclui países que reconheceram Guaidó (todos os europeus presentes à exceção de Itália), outros que mantêm posições neutrais (como o Uruguai e a própria Itália) e defensores de Maduro, como a Bolívia.."Faz parte da própria filosofia do grupo de contacto que os países europeus dialoguem com os países latino-americanos que têm posições diferentes entre si e alguns têm posições diferentes dos países europeus", explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa..Quando questionado se essa polarização interna do grupo, que parece refletir a polarização interna da própria Venezuela, não seria uma ameaça ao sucesso do próprio grupo, o ministro indicou que o avanço depende do diálogo para superar essas diferenças. "Vamos ver. As atividades do grupo começam hoje. Nos oito países europeus que fazem parte do grupo, há também diferenças. Justamente para podermos avançar todos em conjunto, devemos falar uns com os outros mesmo que tenhamos opiniões diferentes e pontos de partidas diferentes", disse Santos Silva à margem do encontro..Mecanismo de Montevidéu.O Uruguai e o México (junto com vários países das Caraíbas) apresentaram na véspera da conferência o Mecanismo de Montevidéu que propõe encontrar uma solução pacífica para evitar a "escalada de violência". "Isto é baseado na boa-fé, em que só intervimos com diálogo, negociação, comunicação e vontade de contribuir", disse aos jornalistas o chefe da diplomacia mexicana, Marcelo Ebrard..Este "mecanismo" prevê quatro fases: a primeira é do diálogo, que deve ser imediato e direto entre os dois atores da crise polícia; o segundo é negociação, numa procura de pontos em comum e de oportunidades de cedências mútuas; o terceiro ponto é o compromisso e a construção de acordos da parte do que foi negociado e com prazos; finalmente, segue-se a implementação, com a materialização dos compromissos e monitorização internacional..O Mecanismo de Montevidéu tem o apoio de Maduro: "Subscrevemos a sua proposta de quatro fases para o diálogo na Venezuela. Estamos prontos para participar numa agenda aberta de entendimento pela paz", escreveu no Twitter..Do lado de Guaidó, o presidente interino tem-se mostrado contra "qualquer diálogo ou grupo de contacto que alargue o sofrimento do povo", reiterando os seus objetivos: o fim da usurpação, governo de transição e eleições livres.
O Grupo de Contacto Internacional, que se reuniu ontem pela primeira vez em Montevidéu (Uruguai), está de acordo na necessidade de encontrar uma "solução pacífica" para a crise na Venezuela, defendendo ainda que essa solução deve vir "do povo venezuelano". O problema são as diferenças em relação a como conseguir esse objetivo e, mais importante, sobre se o objetivo final deve ou não ser eleições..Diferenças que refletem as divisões que existem na própria Venezuela entre os apoiantes do presidente Nicolás Maduro, que tomou posse a 10 de janeiro para um segundo mandato que não foi reconhecido por parte da comunidade internacional (que considerou as eleições de maio fraudulentas) e os do líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que a 23 de janeiro assumiu a presidência interina do país e já foi reconhecido por vários países.."Apesar de se assumir que há posições políticas diversas, todos os países do Grupo de Contacto Internacional partilham um mesmo objetivo", que foi descrito como "alcançar um foco internacional comum para apoiar uma resolução pacífica, política, democrática e dos próprios venezuelanos para a crise", segundo a declaração final.."Os problemas da democracia resolvem-se com mais democracia, não com menos, com diálogo e paz", disse o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, no início do primeiro encontro do Grupo de Contacto Internacional, lembrando que o povo venezuelano "merece o melhor futuro possível", sendo que "é o povo que deve construir esse futuro".."A dramatização dos conflitos só os agudiza, os condicionamentos hipotecam as hipótese de os resolver e os custos dramáticos são pagos pelos setores mais vulneráveis da sociedade", avisou o anfitrião, numa eventual crítica à União Europeia que partiu para o evento no Uruguai disposta a dialogar, mas com a condição de garantir que haverá eleições antecipadas na Venezuela..A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, defendeu que o objetivo do grupo é "contribuir para uma solução política e pacífica" da crise venezuelana. "O objetivo não é estabelecer uma mediação ou uma negociação direta, mas acreditamos que uma iniciativa internacional é importante para acompanhar uma saída pacífica e democrática através de eleições presidenciais livres, transparentes e credíveis", referiu, deixando claro que a resposta à crise "deve vir do povo da Venezuela"..O Grupo de Contacto Internacional conta com a União Europeia (que não fala a uma só voz, visto que há sete países dos 28 que não reconhecem Guaidó), oito países europeus a título individual - Portugal, Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália, Reino Unido e Suécia - e quatro latino-americanos - Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai. O México também esteve na reunião mas não faz parte do grupo que inclui países que reconheceram Guaidó (todos os europeus presentes à exceção de Itália), outros que mantêm posições neutrais (como o Uruguai e a própria Itália) e defensores de Maduro, como a Bolívia.."Faz parte da própria filosofia do grupo de contacto que os países europeus dialoguem com os países latino-americanos que têm posições diferentes entre si e alguns têm posições diferentes dos países europeus", explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa..Quando questionado se essa polarização interna do grupo, que parece refletir a polarização interna da própria Venezuela, não seria uma ameaça ao sucesso do próprio grupo, o ministro indicou que o avanço depende do diálogo para superar essas diferenças. "Vamos ver. As atividades do grupo começam hoje. Nos oito países europeus que fazem parte do grupo, há também diferenças. Justamente para podermos avançar todos em conjunto, devemos falar uns com os outros mesmo que tenhamos opiniões diferentes e pontos de partidas diferentes", disse Santos Silva à margem do encontro..Mecanismo de Montevidéu.O Uruguai e o México (junto com vários países das Caraíbas) apresentaram na véspera da conferência o Mecanismo de Montevidéu que propõe encontrar uma solução pacífica para evitar a "escalada de violência". "Isto é baseado na boa-fé, em que só intervimos com diálogo, negociação, comunicação e vontade de contribuir", disse aos jornalistas o chefe da diplomacia mexicana, Marcelo Ebrard..Este "mecanismo" prevê quatro fases: a primeira é do diálogo, que deve ser imediato e direto entre os dois atores da crise polícia; o segundo é negociação, numa procura de pontos em comum e de oportunidades de cedências mútuas; o terceiro ponto é o compromisso e a construção de acordos da parte do que foi negociado e com prazos; finalmente, segue-se a implementação, com a materialização dos compromissos e monitorização internacional..O Mecanismo de Montevidéu tem o apoio de Maduro: "Subscrevemos a sua proposta de quatro fases para o diálogo na Venezuela. Estamos prontos para participar numa agenda aberta de entendimento pela paz", escreveu no Twitter..Do lado de Guaidó, o presidente interino tem-se mostrado contra "qualquer diálogo ou grupo de contacto que alargue o sofrimento do povo", reiterando os seus objetivos: o fim da usurpação, governo de transição e eleições livres.