A presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, acusou esta terça-feira a República Popular da China de querer "continuar a esconder a verdade" sobre o massacre de Tiananmen, que se assinala hoje, criticando o silêncio das autoridades comunistas e da imprensa oficial.."Para um país ser civilizado, ou não, depende da forma como o governo trata as pessoas e como encara os erros do passado", afirma Tsai numa mensagem divulgada hoje através da rede social Facebook..A publicação é acompanhada de uma ilustração de uma vigília com a legenda: "A liberdade é como o ar, só podes sentir a sua existência quando não podes respirar. Não te esqueças do 04 de junho", a data do massacre ocorrido em 1989..Tsai critica também a decisão das autoridades da Região Administrativa Especial de Hong Kong por não permitir a entrada de um sobrevivente do massacre, Feng Condge, que vive exilado e que pretendia participar na vigila que assinala os trinta anos sobre os acontecimentos..Segundo a chefe de Estado de Taiwan, o regime de Pequim está a aumentar o controlo e influência sobre a antiga colónia britânica..Tsai Ing-Wen recordou também as recentes declarações do ministro da Defesa de Pequim, Wei Fanghe, que afirmou que a atuação das autoridades no sentido de dispersar as manifestações de 1989 foi "correta".."Isto não mostra apenas que o governo (da República Popular da China) não quis refletir sobre os erros cometidos naquele ano, mas também que quer continuar a esconder a verdade. Creio que as pessoas, em todo o mundo, que querem liberdade e democracia não podem estar de acordo com a forma como Pequim enfrenta o assunto", lamentou a chefe de Estado de Taiwan..Tsai dirigiu-se aos cidadãos da República Popular da China, incluindo os habitantes de Hong Kong "que amam a liberdade" afirmando que Taiwan vai continuar firme em relação aos princípios da democracia e da liberdade".."Apesar das infiltrações, enquanto eu for presidente, Taiwan jamais vai ceder às pressões", afirma no mesmo texto..O governo da República Popular da China enfrenta hoje uma das datas mais dolorosas da história do país, fugindo a responsabilidades, negando os factos e criminalizando as vítimas da repressão que pôs fim às manifestações estudantis em 1989..Em maio e junho de 1989 centenas de milhares de estudantes e trabalhadores manifestaram-se na praça Tiananmen, no centro de Pequim, exigindo reformas políticas..O número exato de vítimas da repressão militar continua desconhecido apesar dos grupos de direitos humanos indicarem "milhares de mortos".