Tailândia. "A sobrevivência em grupo faz milagres"

Especialistas ouvidas pelo DN dizem que, tal como aconteceu com os mineiros do Chile, o facto de estarem num grupo ajudará a minimizar impacto emocional nos jovens
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Estarem a viver uma situação dramática em grupo poderá será fundamental para minimizar o impacto emocional nas 12 crianças que há duas semanas estão presas numa gruta, na Tailândia. Tal como aconteceu com os mineiros do Chile. O contacto do exterior, o saberem que há muita gente a tentar tirá-los de lá são outros fatores que poderão ajudar a elevar a moral dos rapazes, que têm idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos, consideram especialistas ouvidas pelo DN.

"A sobrevivência em grupo faz milagres. Mesmo nas situações limites, as pessoas juntam-se. E o facto de não terem os pais com eles, leva-os a agregarem-se muito mais porque sabem que precisam uns dos outros", explica a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos. E acrescenta: "Na luta pela sobrevivência, o cérebro arranja formas de nos proteger do pânico. O nosso cérebro é muito amigo do nosso corpo e o nosso corpo muito amigo do nosso cérebro."

Rita Farinha, psicóloga com especialidade em situações de crise, considera por seu turno que, do ponto de vista emocional, é muito importante a ligação como exterior, bem como o facto de os jovens estarem a ser envolvidos no seu próprio resgate - estarão a aprender a nadar e a mergulhar. Mesmo que saibam que sair da gruta dependerá 90% de outras pessoas. Com as idades que têm bem a noção do perigo que estão viver e se, nos primeiros dias, puderam viver situação como uma aventura, agora já não será de todo assim, explica.

Tal como Ana Vasconcelos, também Rita Farinha considera que o facto de se tratar de um grupo pode minimizar os impactos psicológicos. "Vão partilhando meios e receios. No caso dos mineiros do Chile, a coesão grupal ajudou muito." O que não não quer dizer que algumas crianças não possam estar a surtar, sobretudo porque estão confinadas a um espaço físico muito pequeno e sem luz. Mas o espírito de equipa ajudará a levantar a moral.

O facto de os jovens que estão presos na gruta terem enviado cartas aos pais através das equipas de resgate - onde dizem que estão bem - "é um ato de dar confiança aos pais e é uma lufada de ar fresco" nesta situação, entende Ana Vasconcelos.

Os rapazes, que pertencem a uma equipa de futebol, foram explorar a caverna de Thuam Lang com o seu treinador, depois de um jogo, no dia 23 de junho.

As inundações resultantes das monções bloquearam-lhes a saída e impediram que as equipas de resgate os encontrassem durante nove dias, já que a única maneira de chegar até ao local onde estão é mergulhando através de túneis escuros e estreitos, cheios de água turva e correntes fortes.

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