A 3 de Dezembro de 2004, Pinto da Costa entrava no Tribunal de Gondomar, para ser ouvido no âmbito do processo Apito Dourado, escoltado pelos Super Dragões (SD). Naquele dia, a claque serviu de guarda pretoriana ao histórico líder. 13 meses depois, a criatura virou-se contra o criador e os SD passaram de instrumento de apoio a foco de ameaça para a administração da SAD, que requisitou até para o treino desta tarde a presença de uma brigada policial, para se proteger da claque (ver caixa)..O esfriamento das relações entre Super Dragões e a SAD começou a ganhar contornos de confronto já esta época, a partir do momento em que a claque decidiu contestar a saída do capitão Jorge Costa: "Perdoa-lhes Jorge, eles não SADem o que fazem", exibiram num pano, no jogo com o Penafiel..De então para cá, as relações hostilizaram-se. A SAD boicotou a autobiografia do líder da claque, Fernando Madureira, fazendo "grande pressão para que o livro não saísse porque achavam que algumas das revelações do livro não eram boas para a imagem do clube", contou ao DN fonte próxima de Madureira - "Macaco" para a claque. O conflito agudizou-se em actos e palavras. O FC Porto negou-se a comercializar a autobiografia de Madureira nas Lojas Azuis; a claque faltou ao jogo com o Dínamo de Moscovo, em "protesto contra a política comissionista da SAD". Os Super Dragões contestam sobretudo o papel de alguns elementos da SAD, principalmente Adelino Caldeira - um ódio antigo - e Antero Henrique, o actual director do futebol, a quem os SD acusam de ter "subido na costas" de Reinaldo Teles, "o tio da claque"..A ruptura total, essa, aconteceu no domingo passado, após os ataques de alguns adeptos ao carro do treinador holandês Co Adriaanse, com o FC Porto a induzir responsabilidades a elementos dos Super Dragões e a retirar-lhes o apoio..Para trás fica uma intimidade quase promíscua, como denunciava Costinha, em entrevista à revista Sábado em Novembro do ano passado. "De dia ameaçavam os jogadores, à noite jantavam com dirigentes do FC Porto", referia o médio agora no Dínamo de Moscovo. O jogador reportava-se à época passada, em que os Super Dragões invadiram um treino de Victor Fernandez antes do jogo em Guimarães, terão agredido jogadores após o empate com o Nacional, na Madeira (Derlei passou a andar com seguranças até ir para a Rússia), serviram de guarda-costas a Carolina Salgado nas bancadas do Estádio da Luz e escoltaram Pinto da Costa ao Tribunal de Gondomar. "Macaco" tornou-se até visita de casa de Pinto da Costa, onde esteve no último Natal. "A minha mulher é muito amiga da Carolina [Salgado]", lembra o líder da claque no seu livro..Uma intimidade que começou a escrever-se numa discussão entre os dois, em plena crise da época 2000-2001. O FC Porto fora goleado no Restelo (4-1) e os SD foram de madrugada pintar as paredes do Estádio das Antas com frases contra a SAD, "para abanar a estrutura", justifica Madureira. Supreendidos por Pinto da Costa, deu-se um confronto verbal. "Há alguém do nosso grupo que manda uma boca e o presidente sai do carro. Vira-se para mim e pergunta se fui eu. Não, não fui eu. Porquê, qual é o problema?, respondi". A claque ganhou ali o direito ao apoio institucional do clube, pela primeira vez desde a fundação. Apoio que perdeu agora, cinco anos e muitas cumplicidades depois.