Vitorino Silva continua a ter nas ruas do Porto a sua tela, como ele gosta de dizer. Calceteiro desde os 15 anos, faz questão de nos levar até à calçada de xadrez no Jardim do Conhecimento, uma das suas obras espalhadas pela cidade, para nos falar do seu novo projeto político..Desde aquele abraço a António Guterres num congresso do PS, há 20 anos, Tino de Rans tornou-se uma figura nacional, que se desdobra em projetos. Já foi presidente de junta (em Rans, Penafiel), candidato à Presidência, comentador televisivo, escreveu livros, deu concertos, tem o curso de jornalismo para concluir...."Um homem popular, mas não populista", ressalva, aos 47 anos, numa entrevista para dar a conhecer o RIR, o novo partido com que espera concorrer às eleições legislativas e europeias deste ano, se o Tribunal Constitucional aprovar as assinaturas que entregou..Pode ler aqui a versão completa da entrevista, que sai em versão mais reduzida na edição impressa do DN, neste sábado nas bancas..Um partido que se chama RIR é um partido para ser levado a sério? O RIR é política a sério. Aliás, a política é uma coisa muito séria. Eu nunca brincaria com a política. Sabe uma coisa, sou pai da Catarina Silva, que foi aluna de mérito da Faculdade de Economia do Porto e que agora está a tirar um mestrado na Universidade Católica. Ela é o meu semáforo, é ela que me diz quando parar e quando arrancar. No dia 4 de janeiro mandou-me uma mensagem que me encheu de orgulho. Tirou 20 na cadeira de Ética e Responsabilidade Social. Acha que eu ia brincar com a política sendo pai de uma menina com 20 a Ética? Eu não me permitiria fazer-lhe isso. E ela também não..Mas tem a consciência de que esse é um comentário muito recorrente, basta ver os comentários às notícias sobre o surgimento do novo partido nas redes sociais, por exemplo. Há uma ideia de que o Tino tem a necessidade de ter palco. É isso? Não, nenhuma. Não tenho vontade de aparecer. Mas sou uma pessoa que gosta de dar o seu contributo. Há pessoas que têm jeito para jogar a bola, outros têm jeito para pescar... todos nós temos jeito para alguma coisa. Às tantas este é o meu jeito. O Tino tem obra, tem um casamento, uma família, é escritor, tem sonhos, o Tino é uma pessoa normal. Porque é que as pessoas têm medo de levar uma pessoa normal a sério? Agora, é natural que eu seja uma pessoa normal com uma vida anormal. Porque vivo intensamente. Às tantas tenho mais sonhos do que os outros. Mas se alguém pensa que os meus sonhos não têm lógica está muito enganado. Se calhar a minha lógica não é a lógica dos outros, nem eu estou preocupado que seja. Mas as pessoas têm medo de uma pessoa genuína, autêntica? Claro que há pessoas que gostam de políticos que são dominados por lóbis, por influências, por agências de comunicação, políticos que se limitam a dizer aquilo que os outros pensaram. Eu não, tenho muito orgulho nas minhas ideias e em tentar pô-las em prática..Mas o nome é o primeiro cartão-de-visita de um partido e a sigla RIR parece contrariar essa mensagem de seriedade. Como surgiu a ideia do nome? É uma sigla muito séria. O partido não é o Rir, é o RIR. São as iniciais de Reagir, Incluir e Reciclar. Como PSD é a sigla de Partido Social Democrata. É uma sigla muito séria. Reagir é uma palavra muito atual. Temos dee reagir em defesa do mundo e do nosso planeta. Incluir, porque cabemos todos. E o Reciclar simboliza a pequena obra. O homem está farto da grandeza dos grandes. A grandeza hoje está no pequeno gesto que pode ajudar a reciclar o mundo..Quais são as prioridades políticas do RIR? É estar próximo das pessoas. Os políticos têm de deixar de sair pela garagem, com os vidros fumados, e têm de passar a sair pela rua, pela porta de entrada. E quem provou que isso é possível foi o nosso Presidente, o nosso Marcelo. Provou que é possível um político sair à rua..Mas há áreas que definam como prioridades? Saúde, ensino, justiça...? Somos uma voz alternativa em todos os setores. Se nós andarmos no terreno, ouvimos as pessoas. Porque as pessoas às vezes chegam à Assembleia da República e ficam à porta, os polícias não as deixam entrar. E é preciso haver quem ande no terreno, que conheça as pessoas e que seja, no fundo, o mensageiro da palavra do povo na AR..Entregou as assinaturas no Tribunal Constitucional 20 anos depois daquele abraço mediático a António Guterres num congresso do PS. O que mudou na política nestes 20 anos? Olhe, no Partido Socialista pouco mudou. Porque eu vejo hoje as bancadas do Partido Socialista e as pessoas são as mesmas. E mesmo nos órgãos diretivos não há grande abertura. Quando vejo os nomes hoje, muitos deles são os filhos. Pouco mudou na política, os partidos fecham-se. Na minha vida, o que mudou? É que naquele momento eu era uma pessoa anónima e deixei de ser uma pessoa anónima. Mas tenho saudades do anonimato. Se alguém pensa que eu apareço só para aparecer, não...."Popular sou, populista nunca fui".Continua a ser calceteiro no Porto, já foi presidente de junta, candidato presidencial, candidato à Câmara de Penafiel, já escreveu livros, escreveu canções, estudou Jornalismo. Nesta sua vida multifacetada, o que representa a política? A partir do momento em que nós temos opinião somos políticos. As pessoas que dizem que não são políticos, isso é tanga. Eu tenho deveres - de pagar impostos, etc. - e tenho direitos. Um dos direitos que tenho é o de participar em cidadania. E é a forma de eu estar integrado. Eu tenho esse direito de estar integrado em sociedade..É um homem popular, sente que também pode ser visto como um político populista? Não. Todos os meus projetos são pensados. Se alguém pensa que isto não é a sério, desengane-se. Populista? Eu nem sei bem o significado da palavra populista, para ser sincero. Sou popular, sou, populista nunca fui. Sou uma pessoa normalíssima, mas com ideias das quais me orgulho. E, repare, não estou sozinho. Tive 152 mil votos nas presidenciais..Mas preocupa-o o fenómeno crescente do populismo? Uma coisa eu sei: na democracia, os votos chegam para todos. O voto é o maior património. Eu voto sempre e sempre que vou votar visto a minha roupa domingueira, é um ato nobre..Humanista, pacifista, ambientalista, europeísta e universal. Não via estes valores refletidos em nenhum outro partido? Eu se quisesse estar num partido, estava num partido. Eu não fui dispensado do Partido Socialista. Agora, quando não me revejo, da mesma forma que podemos entrar também podemos sair. A democracia é isso mesmo..Foi presidente de junta de freguesia pelo PS, saiu do partido porque já não se sentia livre no partido. Porque é que não se sentia livre? Não me sentia livre. Sentia-me hipotecado. E a partir do momento em que uma pessoa não pode dizer o que pensa... tenho muito respeito pelo PS, faz parte da minha história, mas é caso passado. Eu tenho lá amigos, deixei lá amigos. Sabe, eu gosto de pessoas e às vezes os partidos não são aquilo que nós vemos, é aquilo que ninguém vê. E eu não gosto dessa parte escura dos partidos. Eu na altura fui presidente de junta. Em Rans, o PS era o terceiro partido, nunca tinha ganho umas eleições e convidaram-me. Mas eu entrei na política para pôr Rans no mapa.."O RIR é um partido 360º".E o RIR onde se situa ideologicamente? Direita ou esquerda? Eu não vejo grande diferença entre o PSD e o PS, e um diz que é de direita e o outro de esquerda. O RIR é um partido 360º. Num exército eu nunca vi os soldados a marchar ao pé-coxinho. Precisam do esquerdo e do direito para caminharem. Os políticos criaram a direita e a esquerda porque lhes convém. Para dividir. Nós não. Nós queremos Incluir. E é por isso que somos um partido 360º..Disse que nunca tinha sido candidato a deputado antes porque quem tem o monopólio das eleições são os partidos. Foi por isso que sentiu necessidade de criar este também? Olhe, pude candidatar-me a Presidente da República. Livre. E porque é que os partidos não deixam que os deputados sejam independentes? Porque é que os partidos têm medo da sociedade civil? Porque é que uma pessoa para se poder candidatar tem de integrar um partido? Porquê? Uma das coisas que vamos propor é que os independentes possam ser candidatos, abrir à sociedade civil. Uma das razões de eu querer chegar à Assembleia da República é essa, que toda a gente possa ser deputado sem ter de chegar pela mão dos partidos..Este é um partido de governação ou de protesto? Ttive 152 mil votos nas presidenciais. As pessoas não votaram em mim para protestar. Tive foi o voto da confiança no protesto, o que é diferente. Temos propostas. Nunca seremos um partido de dizer não só porque não. Não vou fazer o que os outros fazem. Vivemos em democracia há 40 e tal anos e uma coisa que eu sempre vi foi a hipocrisia dos partidos. Se estão no poder votam a favor de determinadas propostas, quando saem do poder são capazes de votar contra aquilo que defendiam só porque quem está a governar agora é outro. Isso é hipocrisia pura. Isso nunca na vida vamos fazer..Disse numa entrevista, na altura, que não concordava com a forma como este governo tomou posse, através da formação da famosa geringonça que o suporta. Que balanço faz agora deste governo de António Costa? Há uma coisa que eu respeito, que é a lei. E se a lei o permite, eu respeito. Em Portugal este é um caso novo, mas há países onde quem governa é o quinto partido mais votado. Aqui não estamos habituados a isso. E na altura não gostei muito da forma como o António Costa conseguiu o poder, a história do Seguro [a chegada de Costa ao cargo de secretário-geral do PS] ainda estava quente, não gostei. E houve muita gente que não gostou. Entretanto os ânimos serenaram, a conjuntura ajudou e lá se conseguiu fazer o equilíbrio, com a ajuda do balanço positivo que veio da Europa..Que nota dava então a este governo? Dava aí um 14. Mas se calhar dava a nota por fatias, ministério a ministério, porque há uns melhores do que outros..Então e quem seria o ministro com melhor nota? O ministro de quem mais gosto é o [Augusto] Santos Silva. Foi professor da minha filha e aprendi a gostar do Santos Silva quando via a minha filha a falar dele com um brilhozinho nos olhos. Quando ele saiu da Faculdade de Economia, para ir para o governo, a minha filha chegou a casa a chorar..E António Costa? É um equilibrista. Se tivesse de arranjar uma metáfora para lhe aplicar, acho que ele é das pessoas que no fio melhor se seguram. Há que lhe tirar o chapéu por isso..A geringonça e as minigeringonças que se impõem.Como vê a forma com tem sido gerido, por exemplo, este problema da greve dos enfermeiros. Concorda com a medida do governo de avançar para a requisição civil? Não. Se há uma coisa que eu respeito é todas as profissões, e eu respeito muito, muito os enfermeiros. É uma vida muito dura, é muita pressão. Eu não gostava de ser enfermeiro. É uma profissão de desgaste. E muitas vezes as pessoas não tratam essas profissões com seriedade..Então e como é que solucionava este braço-de-ferro com os enfermeiros? E não só: professores, funcionários judiciais, polícias, juízes, etc... há reivindicações de vários setores da função pública. Como lidaria com isso? Assim como o Costa foi muito bom para formar o governo e a geringonça, que faça minigeringonças. Em vez de ser com o Bloco de Esquerda ou o PCP, que seja com os enfermeiros, os estivadores e por aí fora. Minigeringonças. Se foi possível negociar com o Jerónimo e com a Catarina, com os enfermeiros também será..Como é que olha para o peso da máquina do Estado? Temos função pública a mais ou a menos? O grande problema na função pública é de organização. Há pessoas que estão num serviço e se calhar têm mais competência para outro. É preciso organizar melhor a função pública. Eu não posso dizer que a nível de saúde não somos dos melhores países, por exemplo. Olhamos para os Estados Unidos, que são um país muito rico, e não têm uma boa saúde. Há muitas coisas em que somos muito bons. O grande problema é criar entusiasmo nos funcionários e nos serviços públicos..É um defensor de uma presença forte do Estado, então? Sim. Em áreas fundamentais como a saúde, o ensino, os transportes, a segurança, o Estado deve estar presente para garantir esses serviços ao povo. E depois, além do Estado, pode estar também quem vier por bem. O grande problema é quem vem por mal. Há muita gente, empresas, que se mete em negócios que deviam ser do Estado e não vêm por bem. Defendo que o Estado tem de estar muito próximo das pessoas. Não posso ter um hospital a 300 quilómetros, não posso ter uma escola a 70 quilómetros. O povo tem de ter acesso aos serviços. Um exemplo que me é muito próximo: o IC35. Há 30 e tal anos que se fala no IC35 [para ligar Penafiel a Castelo de Paiva]. Quantas pessoas não morreram já na EN106? Morreu o pai de um meu colega de escola primária, morreu um colega meu que jogava à bola comigo, morreu um colega meu da catequese, morreu o meu vizinho da frente... tudo na 106. Há 35 anos que os políticos dizem que fazem, mas coisas não saem do papel. Está muito longe de Lisboa, está muito longe do Terreiro do Paço. É uma vergonha. Gastamos milhões com projetos que depois vão para o lixo. No IC35, nos aeroportos, em todo o lado. Muda o governo e os projetos passam a ser outros. O governo não é dos partidos, é da nação. E as pessoas que vão para lá não devem ir para servir os partidos, mas para servir Portugal.."Marcelo é como eu, gosta de ouvir as pessoas".O Tino concorreu às presidenciais, ganhas pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, e já disse várias vezes que é preciso mais Marcelos... É preciso mais Marcelos porque o país é muito grande - apesar de ele estar em todo lado. Um político tem de ser assim, tem de ter genica..Gosta de o ter como Presidente, portanto? Gosto. Não foi por acaso que, num debate, quando me perguntaram qual o principal adversário, eu respondi: "Este homem que está aqui ao meu lado", que era o professor Marcelo. A parte de que mais gosto é a humildade. Ele não tem problemas nenhuns em seguir ideias de pessoas simples. Ele não tem problema em citar o povo. Eu tenho a certeza de que ele sabe citar muitos grandes escritores, mas também sabe citar o povo. Há presidentes da República que escrevem livros sobre os cinco anos das suas presidências de gabinete. Eu tenho a certeza de que se ele [Marcelo] escrevesse as conversas de rua, as conversas do cotio, a citar o povo, seria um sucesso..Essa sua vertente popular também tem merecido algumas críticas, como por exemplo com a recente visita ao bairro da Jamaica, que irritou o sindicato das polícias. Acha que o Presidente fez bem em lá ir? O professor Marcelo não precisa de procuração para falar por ele. Mas tenho a certeza de que Marcelo gosta dos polícias. Quem é que não gosta? Eu sinto-me seguro se tiver um polícia ao pé de mim. Os polícias são pessoas de bem. Mas nos bairros também há pessoas de bem. Não é por acaso que o nosso partido tem "incluir" no nome. Incluir. Cabemos todos. Agora vou criticar o PR por ter ido visitar um bairro? Eu trabalho nos bairros do Porto, mas também vou a esquadras, almoço com polícias. Eu gosto é de pessoas. E o Marcelo também. O Marcelo nunca ouviu fardas, de certeza absoluta. Do que o Marcelo gosta é de ouvir pessoas..A regionalização volta a estar na agenda política nos últimos tempos. É defensor da regionalização? Sou a favor da regionalização, sim. O Alentejo, que é muito grande, mete oito ou nove deputados no Parlamento. Não era preferível ter ali no Alentejo uma grande região, com oito ou nove círculos eleitorais, que conseguisse ter mais representatividade e mais influência? Em Trás-os-Montes igual. Ainda para mais, muitas das vezes os partidos metem pessoas de Lisboa como cabeças-de-lista nessas terras. Eles estão a marimbar-se para quem está longe. Eu costumo dar o exemplo da presa [de água]. A presa grande está no Terreiro do Paço e as pessoas que estão ali à volta apanham a primeira água quando a presa abre. Depois abastece aqueles campos ali em volta de Lisboa: Sintra, Cascais... Mas quando chega ali a Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço, Peniche, a água já não chega. Depois há uma presa mais pequena que vem para aqui para o Porto. E os políticos o que é que fazem? A presa ficou vazia e vamos tornar a encher a presa grande. Como se enche? Com os nossos impostos, dos portugueses todos... todos. A presa enche e volta a abrir-se, mas a água vai passar pelos mesmos campos, vai continuar sem chegar a outros onde é precisa. Aos campos longe, a água nunca chega. É como o caso do IC35. Se estivesse mais perto de Lisboa, já estava feito, de certeza absoluta. O que é que eu quero? Que haja mais presas, pequenos açudes bem distribuídos pelo país..A regionalização resolveria os problemas de coesão territorial e a desertificação do interior? O interior tem gente, só que é gente que não está lá. Aí é o Estado que tem de ajudar a fixar população. Ainda sou do tempo em que havia aldeias com 300 crianças, com grandes escolas, em que o interior tinha grandes fábricas. A indústria dá vida às terras. Há que criar condições de emprego. As pessoas têm de ter emprego para se fixarem. E quem é que trabalha? Os jovens. E os jovens são os que têm os filhos. E os filhos são os que enchem as escolas. Uma aldeia sem escola em Trás-os-Montes é uma aldeia que tem um lar de idosos, mas mais duas ou três décadas e nem um lar vai ter. O Estado tem de promover incentivos à deslocação de pessoas para o interior. Mas não é só com dinheiro, subsídios, é promovendo vida no interior. Os políticos têm muita culpa na forma como se foi abandonando o interior. E Bruxelas também, na forma como se foi dando dinheiro para cortar videiras e deixar de produzir isto e aquilo.."Políticos portugueses distraíram-se na Europa durante muitos anos".Por falar em Bruxelas, e intitulando-se o RIR também como um partido europeísta, tencionam ir a votos nas eleições europeias? O RIR é um partido para ir a votos. É política a sério. Mas há uma coisa que respeitamos muito, que são os passos necessários. Neste momento o processo está no Tribunal Constitucional e não vou pôr a carroça à frente dos bois, porque tenho muito respeito por aquela casa de verdade. Uma casa sem partido..Que ideias tem para apresentar nas europeias se puder ir a votos? Eu fico muito triste quando em Portugal o salário mínimo é 600 e tal euros e noutros países é o dobro ou mais. O que sinto atualmente é que há europeus de primeira e de segunda. E o que defendo é igualdade entre todos os europeus. Portugal é uma nação muito antiga que não pode ser de segunda em lado nenhum. Há que bater o pé, não estar distraído. E os políticos portugueses distraíram-se muito nos últimos anos..E o que pensa do Brexit? Eu gosto da liberdade de as pessoas se movimentarem e estarem umas com as outras. Não gosto de muros. E ficava muito triste se fosse construído aqui um muro entre a Inglaterra e o resto da Europa. Os jovens querem um mundo sem muros nem fronteiras. E nós temos de ouvir os jovens. Eu acho que a revolução dos jovens está muito próxima. Eles parecem não estar bem acordados, mas começam a espreguiçar-se. Quando eles despertarem bem, o mundo vai sentir a força dos jovens..Mas os jovens até estão cada vez mais afastados da participação política. Como pretende chamá-los para o RIR? Ouvindo-os. Tendo a humildade de ir ao encontro deles e aprender com eles. Aprender com eles é a parte importante, têm muito para nos ensinar..Teve 3,28% e 152 mil votos nas presidenciais. É nessa base eleitoral das presidenciais que alimenta a expectativa de chegar ao Parlamento? É verdade, dá para encher os três maiores estádios do país, a Luz, o Dragão e Alvalade. Casa cheia. Volto a dizer: em democracia os votos chegam para todos. E é preciso vozes diferentes. As pessoas estão fartas do mesmo..Vai ser cabeça-de-lista do RIR pelo Porto, onde teve 5,68% nas presidenciais? Se for candidato a deputado é pelo Porto, nem faz sentido outra coisa. Não vou candidatar-me por Lisboa ou por Coimbra. Se sou contra os outros partidos colocarem pessoas de Lisboa como cabeças-de-lista noutros círculos, também não vou candidatar-me fora do Porto. Conheço as pessoas do Porto, é com elas que falo nas ruas todos os dias. O Porto é a minha tela. Sou um privilegiado em ter uma tela com esta configuração.