Sotiris Alexandropoulos reforça política de contratações low-cost
O Sporting oficializou ontem a contratação de Sotiris Alexandropoulos, um médio de 20 anos que tem como missão (quase impossível) fazer esquecer Matheus Nunes. O namoro ao internacional grego deu em casamento, mas pode não chegar para acalmar os adeptos leoninos, que preferiam ver Rúben Amorim apostar num avançado - Paulinho está lesionado, Tabata e Slimani saíram -, depois de um início de época como há décadas não se via: duas derrotas e um empate em quatro jogos.
O internacional grego chega a Alvalade proveniente do Panathinaikos (fez 77 jogos desde que se estreou na equipa principal, com 17 anos). Assinou até 2027 e ficou com uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros. Alexandropoulos escolheu vestir a camisola 6 e não escondeu a satisfação por ser leão. "O Sporting é um grande clube, percebi isso desde o primeiro minuto em que cheguei aqui. Falei com vários jogadores na Grécia e alguns antigos colegas que jogaram cá e todos disseram coisas muito boas sobre o clube. Estou muito feliz por estar aqui", disse o jovem médio, revelando que falou com o ex-sportinguista Sporar, que lhe deu boas referência do clube.
Poder jogar a Champions foi outra das razões que o fizeram escolher o Sporting: "Tenho o sonho de disputar a Liga dos Campeões desde que era criança. Sem o Sporting não conseguiria atingir isso, portanto estou muito feliz e ansioso por jogar o meu primeiro jogo nessa linda competição. Prometo que vou dar sempre o meu melhor."
Sotiris ouviu "coisas muito boas sobre o treinador", inclusive que "ele gosta de trabalhar e melhorar jogadores jovens", como é o caso dele, mas só hoje terá oportunidade de o conhecer pessoalmente: "Falámos um pouco e estou a par da sua ideia geral para a equipa. Estou ansioso por começar a trabalhar com ele dentro de campo."
Aos adeptos, depois de admitir que gosta "do verde do equipamento", prometeu "paixão" e "dar 100%". O Sporting não revelou o valor pago pelo grego, mas, segundo alguma imprensa, o Panathinaikos aceitou vender 70% do passe de Sotiris Alexandropoulos por 4, 5 milhões. Uma contratação que confirma a política de reforços low-cost da era Frederico Varandas.
Com 119,8 milhões de euros a entrar nos cofres leoninos este verão, fruto da venda de jogadores, os adeptos talvez esperassem um maior investimento no plantel 2022-2023, mas o clube apostou no reforço de todos os setores de forma sustentada e equilibrada, num total de 41,9 milhões de euros. Um valor que, ainda assim, supera o investimento feito na época do título (35,4 milhões, incluindo 16 por Paulinho, o jogador mais caro da história leonina) e o do ano passado (21,5).
Um título de campeão nacional (ao fim de 19 anos), duas Taças da Liga e uma Supertaça em dois anos e meio dão a Rúben Amorim crédito neste início de época atribulado, mas não deixa de ser estranho que a contratação mais cara da época seja de Rúben Vinagre - 10 milhões de euros, depois de acabado o empréstimo do Wolves -, que acabou emprestado ao Everton.
Com a saída anunciada de Feddal o clube foi ao mercado para adquirir um defesa central. O eleito foi Jeremiah St. Juste. O neerlandês, de 23 anos, que jogava no Mainz 05, custou 9, 5 milhões, mais um milhão do que o valor pago pelo lateral Pedro Porro (8, 5), que assinou a título definitivo depois de duas épocas de empréstimo do Manchester City. Para a baliza chegou o uruguaio Franco Israel, vindo da Juventus (650 mil euros), e para o meio campo foi contratado Morita (ex-Santa Clara) por 3, 5 milhões... quase tanto como a taxa de empréstimo de Francisco Trincão paga ao Barcelona. Para equilibrar os extremos, Amorim pediu ainda a contratação de Rochinha ao Vit. Guimarães (dois milhões).
Confiando que não ia perder mais jogadores depois da saída de João Palhinha para o Fulham (20 milhões), Amorim insistiu na ideia de construir uma equipa sem ponta de lança. Um risco que a venda de Matheus Nunes para o Wolverhampton, por 40 milhões, transformou em crise. Perante as críticas, o técnico defendeu que os adeptos deviam olhar para lá dos resultados e defendeu o trabalho da direção. "O Sporting tem um plantel jovem e está bem e recomenda-se. Foram vendidos ativos, pois está a reestruturar-se [...]. O Sporting está cada vez mais saudável. É continuar o projeto, sabendo que há momentos em que estamos a discutir uns com os outros, faz parte", justificou, antes de o desaire com o Chaves (2-0) agravar a crise e obrigar o clube a voltar ao mercado com a contratação de Sotiris, sendo que ainda pode chegar mais um avançado até ao fecho do mercado, na quinta-feira.
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