Soldado Manning condenado a 35 anos de prisão

O soldado Bradley Manning acusado de fornecer ao portal WikiLeaks milhares de documentos secretos dos Estados Unidos foi hoje condenado a 35 anos de prisão.
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Manning terá de cumprir um terço da pena antes de ficar elegível para pedir liberdade condicional. O soldado recebeu um crédito de 1293 dias pelo tempo que esteve preso antes de ser condenado, nos quais se incluem 112 dias pelo tratamento abusivo a que foi sujeito quando esteve detido em Quantico.

A juíza Denise R. Lind anunciou ainda que Manning foi expulso sem honra das Forças Armadas. A magistrada desgraduou-o para o nível mais baixo de soldado, da sua anterior patente de soldado de 1.ª classe e anunciou que iria ficar sem vencimento.

O seu advogado, David Coombs tenciona apelar a Barack Obama com um pedido de clemência.

Manning poderá ainda recorrer para o Tribunal de Recurso das Forças Armadas e para o Supremo dos Estados Unidos.

A sua sentença foi imediatamente enviada para o Tribunal Militar de Recurso Criminal.

Manning, que foi declarado culpado de 20 acusações, entre as quais violações da lei da espionagem e roubo de informação governamental, poderia ser condenado em tribunal militar a uma pena máxima de 90 anos de prisão.

A acusação pediu na segunda-feira que Manning seja condenado a 60 anos de prisão, por considerar que o militar merece passar a maior parte do resto da sua vida atrás das grades.

A defesa afirmou que o soldado norte-americano não deve passar mais de 25 anos preso, tempo que será necessário para que os documentos que divulgou sejam desclassificados.

O complexo processo judicial, que decorre no tribunal militar de Fort Meade, em Maryland, começou com as sessões preliminares em dezembro de 2011, ao passo que o julgamento se realizou desde o início de junho e culminará com a leitura da sentença.

Bradley Manning, que foi analista de informação no Iraque desde o outono de 2009 até maio de 2010, quando foi detido, forneceu ao portal WikiLeaks, que depois os divulgou, cerca de 700.000 documentos oficiais dos Estados Unidos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão e correios diplomáticos do departamento de Estado.

O Governo norte-americano acusou o soldado de comprometer a segurança nacional e o trabalho diplomático de anos.

A informação divulgada por Manning e pelo WikiLeaks abriram um debate mundial sobre o papel dos Estados Unidos no mundo e as injustiças cometidas numa década da obscura guerra contra o terrorismo após os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Manning, que confessou ser autor da fuga de informação e pediu perdão pelos danos causados ao seu país, não foi considerado culpado de "ajuda ao inimigo", a acusação mais grave que enfrentava e para a qual o Governo norte-americano pedia prisão perpétua.

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