Sócrates diz que é difícil Sorbonne tirar-lhe o que nunca teve

<b>Semanário Expresso publicou hoje na sua edição em papel a informação de que o Instituto de Estudos Políticos de Paris, da Universidade Sorbonne, lhe poderia tirar o título de mestre, devido às alegações de fraude contidas na Operação Marquês</b>. Ex-primeiro-ministro nega tal informação.
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"Sorbonne admite anular mestrado a José Sócrates". Este é o título que dá hoje corpo à manchete da edição em papel do semanário Expresso. Segundo o jornal, o Instituto de Estudos Políticos de Paris, da Universidade Sorbonne, admitiu que poderá vir a tirar o diploma de mestre ao ex-primeiro-ministro português, devido às alegações de fraude que constam contra ele no processo da Operação Marquês.

No entanto, e em nota enviada ao final da tarde de sábado às redações, José Sócrates refere ser "difícil" que a Sorbonne lhe tire algo que nunca teve. "Nunca tive qualquer mestrado da Sorbonne. Julgo, portanto, difícil tirarem-me o que nunca tive. O meu mestrado foi obtido em Sciences Po."

Na notícia, o Expresso publica a resposta dada pelo diretor de comunicação da universidade onde explica: "Temos conhecimento e do processo judicial contra o Sr. Sócrates, que inclui a acusação de branqueamento de capitais a favor do Sr. Domingos Farinho, suspeito de ter contribuído para a tese de Sócrates."

Jérôme Guilbert refere ainda: "Entendemos que esta acusação é séria o suficiente para considerarmos a retirada por fraude do diploma emitido. Estamos a aguardar que haja uma decisão do tribunal para tomarmos uma decisão."

Em resposta numa nota enviada às redações, José Sócrates sublinha: pela "enésima vez: o Dr. Domingos Farinha não escreveu nenhuma parte original da minha tese de mestrado." Relembrando as declarações que o próprio terá feito às autoridades: "Tudo o que escrevi na tese do engenheiro Sócrates diz respeito a referências bibliográficas e/ou citações de autores, quer no corpo de texto quer em notas de rodapé, além da normal revisão de texto que me pareceu pouco claro ou que, formalmente, me parecia ficar melhor de outro modo, muitas vezes consistindo em propostas de passar referencias do corpo de texto para notas de rodapé ou vice-versa."

O ex-primeiro-ministro explicita que a ajuda de revisão dada por Domingos Farinha "foi em tudo semelhante às sugestões de dezenas da amigos a quem dei a ler o meu trabalho e a quem pedi opinião crítica. Como é norma, seguida e aconselhada no processo de elaboração das dissertações académicas. Não lhe agradeci publicamente, a ele como a nenhum dos tantos mais que contribuíram com as suas críticas e sugestões."

Sócrates diz que quem ler "os e-mails que troquei com o Dr. Domingos Farinho ao longo de todo o processo de elaboração da tese, dificilmente e honestamente encontrará (mais exatamente, não encontrará) fundamento sério para as suspeitas aventadas." Acusando o Ministério Público, de, mais uma vez, "substituir provas por maledicência."

A fase de instrução do processo Operação Marquês, pedida por 19 dos 28 arguidos, iniciou-se a 27 de janeiro e ainda decorre no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, sob a direção do juiz Ivo Rosa, que já marcou diligências até maio, sempre nas tardes dos últimos três dias de cada mês, prevendo-se que a decisão final seja conhecida perto do final do ano, dado o número de diligências e o número de testemunhas e de arguidos que querem depor.

Até este momento, o juiz Ivo Rosa já ouviu a filha de Armando Vara, Bárbara Vara. O ex-ministro de Sócrates, acusado dos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal e corrupção passiva no exercício do titular de cargo político. Vara esteve durante duas horas e meia a responder a perguntas do juiz sobre os seus rendimentos e a explicar que a filha não sabia das movimentações de uma conta na Suíça.

Sócrates é alvo de 31 acusações no processo da Operação Marquês: três de corrupção passiva, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada. Na acusação, o Ministério Público especifica que o antigo primeiro-ministro acumulou na Suíça 24 milhões de euros "com origem nos grupos Lena, Espírito Santo e Vale de Lobo".

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