Sobrevivente de ataque de ácido brilha em desfile em Nova Iorque

Reshma Qureshi, modelo indiana que sobreviveu a um ataque de ácido, foi a grande estrela de um desfile da Semana da Moda de Nova Iorque, que decorreu esta quinta-feira
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Foi há dois anos que Reshma Qureshi perdeu um olho e sofreu severas queimaduras faciais, depois de ter sido atacada com ácido sulfúrico pelo cunhado e dois outros homens. Esta quinta-feira, desafiou por completo os padrões de beleza ao percorrer a passerelle na Semana da Moda de Nova Iorque, sorridente e entre calorosos aplausos.

Nesta que é a sua primeira viagem aos EUA - e a primeira vez que se ausenta do seu país de origem - a jovem de 19 anos abriu o desfile de apresentação da coleção primavera/verão 2017 da designer indiana Archana Kochhar, exibindo um vestido branco de mangas compridas, com aplicações de diferentes padrões.

"Eu queria dizer ao mundo para não nos subestimarem e para verem que até nós podemos sair à rua e fazer coisas importantes", explicou Reshma à Agence France Presse (AFP). "As pessoas têm a tendência de olhar para os sobreviventes de ataques com ácido de uma certa forma, e eu não quero que continuem a fazê-lo", defendeu ainda.

Foram precisos vários meses para que a modelo ultrapassasse as sequelas físicas e psicológicas deixadas pela agressão. Em 2015, juntou-se à organização não-governamental Make Love Not Scars (em português, Façam Amor Não Cicatrizes), tornou-se rosto da respetiva campanha online para acabar com a venda de ácido na Índia e, nesse mesmo ano, fez manchetes em todo o mundo depois de publicar um vídeo no YouTube a oferecer conselhos de beleza.

"Nunca pensei, nem nos meus sonhos mais loucos, que algo assim poderia acontecer-me e que viria a visitar uma cidade tão grande para percorrer um palco destes", confessou ainda, à mesma agência de notícias.

Com esta presença, Qureshi pretende ainda alertar para a elevada quantidade de ataques com ácido que continuam a acontecer na Índia - segundo o site Fashion Week, são registados cerca de 1000 agressões desse tipo no país asiático, todos os anos, sendo as mulheres os principais alvos.

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