Soajo sem alimento para dar ao gado neste Inverno

Incêndio que durou mais de sete dias e que só foi  extinto esta semana destruiu os pastos
Publicado a
Atualizado a

Depois da crise do Verão, com os incêndios, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) já se antevê a crise do Inverno, com a falta de alimento para os animais, sobretudo os de criação. É o caso do Soajo, em Arcos de Valdevez, uma das últimas terras do parque com intensa actividade de pastorícia e que viu a serra desaparecer em cerca de uma semana. Com o fogo extinto nos últimos dias, desapareceu também o alimento para o gado.

"É uma calamidade em todos os sentidos. Não há verde e não há alimento para os animais. Os criadores vão ter que gastar fortunas para ir buscar ração a Espanha, e não sei se vão aguentar mais este choque", começou por apontar ao DN o autarca do Soajo, Manuel Costa. Só naquela freguesia há mais de 800 cabeças de gado bovino e 200 equídeos, além de algumas centenas de ovelhas e cabras.

"O fogo levou os terrenos privados, os pastos, os cultivos, enfim, a serra toda. Os criadores de gado simplesmente não vão ter como alimentar os animais, porque até os palheiros com feno guardado foram. Vai ser outra desgraça quando chegar o Inverno", sublinhou o autarca.

Assim, garante, pastores e produtores de gado terão de comprar todo o alimento de Inverno, o que pode representar mais um duro golpe para a actividade no Soajo, uma das últimas freguesias do parque ainda voltada para a pastorícia. "Ainda temos uma importante actividade, mas o certo é que depois dos atrasos de anos no pagamento das indemnizações dos ataques de lobos, temos agora os ataques do fogo. Vai ser muito difícil para continuar."

É que um fardo de feno, de 25 quilos, pode custar mais 3,5 euros e serve de refeição para seis animais. O cenário actual faz o autarca do Soajo lembrar um outro grande incêndio, no Verão de 2005, em que arderam cerca de 3000 hectares naquela Serra. "Os próximos tempos vão ser muito duros para toda esta gente", alertou.

O gado que no Inverno descia a serra do Soajo vai agora encontrar um cenário bem diferente, com mais de, estima-se, 6000 hectares destruídos pelo fogo em cerca de uma semana. Manuel Costa afirma mesmo que, da serra do Soajo, resta agora 25% da área verde de antes. "Neste momento, já não sei o que resta. É tudo preto à volta", explicou, garantindo que "ainda não há notícia" de animais que possam ter morrido carbonizados, mas que há muitos proprietários que continuam à procura do seu gado.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt