"Só houve uma multa por razia a um ciclista"
Hoje, no Mercado do Forno do Tijolo em Arroios, vai ser discutida uma estratégia nacional para a mobilidade. O que defendem as associações?
Que devem ser dados claros incentivos aos modos de transporte mais sustentáveis e dirigir investimentos e esforço para tornar as deslocações dos utilizadores vulneráveis de forma mais segura e confortável.
Há um perfil do utilizador de bicicleta em Portugal?
Há muitos tipos de utilizadores e que usam a bicicleta por diversos motivos e funções. Este 2º Encontro Nacional de Grupos Promotores da Mobilidade Urbana em Bicicleta é para organizações que promovem o uso da bicicleta como meio de transporte. No entanto, todos os utilizadores e não-utilizadores de bicicleta são bem-vindos porque estes grupos são cada vez mais fluidos.
As alterações ao Código da Estrada, em que foram dados mais direitos aos utilizadores de bicicleta são respeitadas pelos automobilistas?
Dois anos depois da revisão do Código da Estrada é altura de fazer um breve balanço. Apesar das alterações francamente positivas introduzidas, estas continuam a ser violadas quotidianamente nas ruas e estradas de Portugal. A MUBi, em conjunto com a Federação Portuguesa de Ciclismo, decidiu lançar uma petição para apelar às entidades competentes para que seja mais seguro pedalar em Portugal. Os utilizadores de bicicleta continuam em perigo pela falta de fiscalização, tanto das regras mais recentes, como na punição de comportamentos agressivos por parte de alguns condutores. As velocidades excessivas principalmente em zonas urbanas continuam a ser um problema grave para os utilizadores vulneráveis. A outra questão muito importante para a segurança dos utilizadores de bicicleta prende-se com cumprimento das regras de ultrapassagem. A ANSR e as autoridades policiais praticamente não têm feito nada para fiscalizar o respeito pelos utentes vulneráveis. Por exemplo, tanto quanto temos conhecimento, até hoje apenas uma pessoa foi multada por realizar uma "razia" a um ciclista (não respeitar a distância mínima de 1,5 m).
Mas há maior proteção aos utilizadores de bicicleta?
Sim, mas existe um elevadíssimo desconhecimento dos condutores portugueses sobre as alterações do Código da Estrada, e as razões que as justificaram. Sem uma educação objetiva e ampla da população, não é possível obter o efeito positivo desejado sobre o respeito pelos utilizadores vulneráveis. Segundo um estudo da GfK, desenvolvido para a seguradora Direct, que teve como objetivo analisar o conhecimento sobre as novas regras de condução, em vigor desde o início do ano passado, os condutores portugueses não conhecem as novas regras do Código da Estrada. Quando questionados sobre as alterações, 97% dos portugueses com carta erraram mais de metade das respostas. Sendo que 92% dos portugueses encartados afirmaram ter conhecimento das alterações feitas ao Código de Estrada
O que ainda devia ser alterado no Código de Estrada?
Consideramos essencial a revisão do atual Regulamento de Sinalização e Trânsito (RST) de forma a incorporar os novos conceitos que surgiram na última revisão do Código da Estrada - sinais relativamente às zonas de coexistência, sinais a lembrar a necessidade de cumprir a distância de 1,5 m na ultrapassagem de velocípedes, sinais BUS+bicicleta, etc.