SIS soube do furto de material de guerra pela imprensa e no dia seguinte
O Secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SGSIRP) informou esta quinta-feira o Parlamento que soube do furto de material militar em Tancos "pelo SIS" e que este serviço soube pelos media.
Júlio Pereira falava perante a Comissão parlamentar de Defesa, a pedido do PSD, para esclarecer diversas situações relativas ao furto de material de guerra descoberto na tarde do dia 28 de junho e onde considerou "preocupante [haver] grupos criminosos a infiltrarem instituições do Estado" para furtar armas.
O responsável máximo pelos serviços de informações, após citar a lei que atribui "competência exclusiva" ao SIS para fazer a avaliação do grau de ameaças à segurança do país, considerou que o caso de Tancos "levanta obviamente questões" sobre a guarda de material de guerra, bem como de explosivos e armas de fogo usados em meio civil.
Júlio Pereira, a propósito dos grupos criminosos que conseguem infiltrar-se em instalações do Estado, alertou especificamente para o caso dos militares de operações especiais "que entram na vida civil sem outras qualificações" que não aquela obtida nas Forças Armadas.
O SGSIRP assinalou depois que os grupos criminosos que recorrem à violência física em Portugal privilegiam armas automáticas e semiautomáticas, em detrimento do tipo de material furtado nos paióis de Tancos.
Júlio Pereira disse ainda que "são razoáveis" as suspeitas de que o furto do material em Tancos tenha contado com a colaboração de militares e sublinhou que os furtos em instalações militares e policiais "são uma coisa muito frequente".
Nesse sentido, Júlio Pereira deu a conhecer o furto ocorrido em Israel "um mês antes" do de Tancos, sendo Israel um país que adota "fortes medidas de segurança".
"Pode haver desaparecimento de armas mesmo com todas as regras de segurança" física implementadas, porque pode haver "falha humana", avisou Júlio Pereira.
O SGSIRP informou também os deputados que a análise feita pelo SIS na sequência do furto de material militar de Tancos considerou os "cenários de conflito" ou ações de "crime organizado contra locais de segurança reforçada" como as de maior probabilidade para a sua utilização.