Vai ser uma véspera de Natal difícil para quem deixou as compras para o último dia e para quem estava a contar com os serviços da CP nos próximos dias. Os trabalhadores das empresas de distribuição (super, hipermercados, armazéns e logísticas das empresas de distribuição e lojas especializadas) marcaram para o dia de hoje uma paralisação justificada pela ausência de acordo nas negociações com a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Hoje é também o dia em que os trabalhadores da CP iniciam uma greve com 190 comboios nos serviços mínimos..A APED garante que lojas e hipermercados funcionam "com normalidade".."Apesar da greve convocada pelos sindicatos para este dia 24 de dezembro, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e os seus associados garantem o normal funcionamento dos hipermercados, supermercados e lojas de retalho não alimentar/especializado", refere a associação em comunicado..A greve dos trabalhadores comerciais da CP -- Comboios de Portugal prolonga-se até terça-feira, contra o que dizem ser o incumprimento do Governo no que se refere à contratação de quase 90 operacionais..O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) espera uma "adesão com expressão significativa" na greve dos funcionários dos supermercados, enquanto a associação do setor, a APED, manifestou-se "tranquila"..A meio da manhã desta segunda-feira, a CP fez o ponto da situação e disse que 87% dos comboios circularam normalmente até às 8:00, com os restantes a registarem perturbações devido ao impacto da greve com início agendado para as 12:00 de hoje..Fonte oficial da empresa disse à agência Lusa que, até às 08:00, "em 256 comboios realizaram-se 223", sendo que os impactos da greve, que se prolonga até terça-feira, dos trabalhadores comerciais da CP, registaram-se em 13% das ligações..Por serviços, acrescentou, no longo curso (Alfa Pendular e Intercidades) foram realizados 79% das ligações, no regional, 88%, em Lisboa 85% e no Porto 92%..A estrutura sindical tinha lançado um pré-aviso de greve para os trabalhadores das empresas de distribuição (super, hipermercados, armazéns e logísticas das empresas de distribuição e lojas especializadas) para o dia de hoje, véspera de Natal, apontando a ausência de acordo nas negociações com a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) como razão para a paralisação..Em declarações à Lusa, o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, disse estar "tranquilo" e "não esperar dificuldades" na véspera de Natal, admitindo apenas que poderá haver "algumas perturbações". Segundo o responsável, o setor da distribuição estará "todo a funcionar com normalidade"..Gonçalo Lobo Xavier sublinhou ainda o facto de as negociações estarem a decorrer com o sindicato e que a próxima reunião irá acontecer em 21 de janeiro..Por sua vez, o CESP espera uma "adesão com expressão significativa", salientando que pelas 10:30 será realizada uma conferência de imprensa junto às instalações da APED, em Lisboa, onde os trabalhadores vão "entregar os seus presentes [reivindicações]" à associação que representa o setor..Segundo o CESP, depois de "26 meses de negociação", as empresas representadas pela APED e que incluem a "Sonae, Pingo Doce/Jerónimo Martins, Auchan, Lidl, Dia/Minipreço, El Corte Inglés e muitas outras, continuam a não apresentar propostas de verdadeiro aumento dos salários e correção das injustiças e discriminações existentes"..O sindicato acusa as empresas de quererem manter a distribuição como um setor de salário mínimo nacional, referindo que com a proposta em cima da mesa a evolução salarial desde a admissão até ao topo de carreira, para os trabalhadores dos escritórios e lojas, "será de 30 euros", quando na penúltima revisão do Contrato Coletivo de Trabalho, em 2010, era de 139,5 euros..A APED salienta ainda que tudo será feito para "minimizar o impacto de greve para os consumidores"..A paralisação dos trabalhadores da CP foi convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) e pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), que contestam o "incumprimento do acordado com o Governo, em setembro de 2017, referente ao recrutamento de 88 trabalhadores operacionais [...] da área comercial itinerante e para as bilheteiras da CP"..As duas estruturas afirmam também que o executivo e CP estão em "incumprimento para com os trabalhadores" que representam na negociação da contratação coletiva desde 01 de outubro deste ano, referindo que "têm realizado várias iniciativas e apelos junto da empresa e do Governo para que o processo negocial fosse concretizado, não tendo até ao momento obtido qualquer respostas às propostas do Acordo de Empresa e regulamento de carreiras apresentadas"..Conforme anunciado na sexta-feira, os serviços mínimos da greve dos trabalhadores da CP incluem a circulação de quase 190 comboios, nos serviços urbanos de Lisboa, nos urbanos do Porto, na Linha de Cascais e na Linha de Setúbal..Supressões de comboios em todos os serviços nos dias 24 e 25 de dezembro.Segundo a decisão divulgada, na paralisação convocada pelo SFRCI e pela ASCEF, nos comboios urbanos do Porto a CP determinará os serviços mínimos, "em obediência aos seguintes critérios": "na família Guimarães: três comboios em cada sentido".."Família Braga: seis comboios em sentido ascendente e quatro em sentido descendente; Família Caíde: seis comboios em cada sentido" e na circulação em relação a Aveiro terão que existir 11 comboios em cada sentido, determinou o tribunal..Em relação aos urbanos de Lisboa, haverá em relação à Azambuja oitos comboios, em Castanheira do Ribatejo sete em sentido ascendente e oito em sentido descendente, enquanto entre Sintra e Alverca devem existir em cinco comboios..Para Sintra-Lisboa Oriente devem circular 13 comboios em cada sentido e entre Lisboa Rossio e Meleças quatro comboios em cada sentido. Já entre Sintra e Lisboa Rossio deverão existir oito comboios em cada sentido..Na Linha de Cascais foi determinada a existência de 15 comboios no sentido Cais do Sodré-Cascais e 16 no sentido oposto, enquanto na "família Oeiras" ficaram determinados oito comboios em cada sentido..Na Linha do Sado devem circular sete comboios em cada sentido..Na base da definição dos serviços públicos está a duração de "dia e meio e, considerando especialmente a época natalícia em que ocorrerá"..O tribunal referiu ainda haver "meios alternativos de transporte com aptidão à satisfação de necessidades sociais impreteríveis", de acesso a cuidados de saúde e serviços de segurança, pelo que não acedeu à solicitação de circulação "nos termos amplos dos serviços mínimos propostos" pela CP..No passado dia 18, a CP -- Comboios de Portugal alertou para "fortes perturbações" na circulação de comboios nos dias 24 e 25 de dezembro, véspera e dia de Natal, devido a greve anunciada por duas estruturas..Em comunicado, a empresa referiu, na altura, que "por motivo de greve [...] preveem-se supressões de comboios, a nível nacional, em todos os serviços nos dias 24 e 25 de dezembro"..A transportadora estima também perturbações na circulação dos comboios no dia 26 de dezembro..(Notícia atualizada às 12:17).