Show de bola
Ao sinal de partida, corria como a cauda de um cometa. Nem nervos nem dor. Apenas aquele rugido sob a pele a invadi-lo por inteiro, fazendo que as pernas lhe saíssem disparadas. Eusébio voava, fintava, gingava, e ninguém em campo sabia precisar se o que vinha ao seu encontro era um comboio descarrilado ou um felino a preparar o próximo salto. «Com ele, nada acontecia por acaso. Era um líder nato, um homem especial. Tinha tanta vontade que levava a equipa atrás dele», conta Ana Rangel, autora do texto do musical Eusébio, Um Hino ao Futebol - em cena no Coliseu de Lisboa de 6 a 17 de abril, e no do Porto entre 13 e 15 de maio.
E não, diz, não é um género nada estranho para se contar esta história. «Um musical é um canal direto para as emoções e a vida dele foi um somatório de episódios incríveis. Não havia outra forma de fazê-lo.» O próprio Eusébio afirmava que seria bailarino, um dos bons, caso a vida não o tivesse feito jogador de futebol. «Adorava música: Aretha Franklin, Ray Charles... A soul inspirava-o», confirma a encenadora Matilde Trocado, que por isso não estranha o formato arrojado.
Precisavam de canções, representação e dança para homenagear o avançado mais temido do futebol nacional. O Pantera Negra, veloz e certeiro a definir as jogadas, violento no remate (os guarda-redes viam-se aflitos para o defenderem). O Rei. «Acho sempre muito engraçado quando uma pessoa, neste caso um português, vai tão longe arrastando consigo tanta gente. No fundo, ele levou o país lá para fora, não foi? Mas vamos a ver e era simples, muito humilde. Esteve no topo sem perder a humanidade.»
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