Sextorsion: adolescentes são novas vítimas e quantias pedidas subiram

PJ de Lisboa tem 70 casos em investigação, alguns com menores. GNR inclui agora este crime em programa com as escolas
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A extorsão sexual nas redes sociais já não visa apenas homens adultos. Dos 70 inquéritos em curso por este crime na diretoria de Lisboa da Polícia Judiciária uma parte deles diz respeito a vítimas adolescentes, rapazes entre os 12 e os 16 anos, na maioria dos casos, confirmou o DN com fonte da PJ. Num crime que tem expressão em Portugal há pouco mais de um ano, a secção do crime informático está também a constatar que as quantias exigidas pelos chantagistas para não exibirem os vídeos eróticos das vítimas estão a aumentar. Os valores variavam entre os 500 e os 5000 euros mas agora estão a subir. Na primeira abordagem à vítima, adianta a mesma fonte, chegam a pedir logo três mil euros de uma só vez.

O método de chegar aos adolescentes é o mesmo que é usado com os homens adultos. Os menores acham que estão a adicionar amigas giras no Facebook e são depois aliciados por essas novas ( e falsas) amigas a despirem-se para a câmara via skype ou outro programa similar e a fazerem poses eróticas. Depois de se exporem, do outro lado surge a mensagem com a chantagem da praxe: ou pagas ou a tua família e os teus amigos vão ver isto.

Chegou-se ao final do primeiro semestre de 2015 e o aumento de casos de extorsão sexual em todo o país, por comparação com 29 denúncias no ano de 2014, já era de 80%. O ano passado terminou com 80 inquéritos na secção do crime informático da PJ de Lisboa e atualmente estão em curso cerca de 70.

Ainda não há detidos porque o crime pode ser praticado a partir de um computador em qualquer zona do mundo. O primeiro obstáculo para os investigadores da PJ é precisamente o de localizar o criminoso que está a praticar a extorsão. Pode estar num computador com endereço IP português, chinês, brasileiro ou norte-americano.

Campanhas da GNR para miúdos

A GNR lançou uma campanha a alertar para a extorsão sexual na internet, em setembro. Os crimes sextorsion e furto de identidade nas redes sociais foram agora incluídos pela Guarda no programa especial Internet Segura, o que inclui vídeos de campanha na página de Facebook da corporação e ações de prevenções nas escolas, como explicou ao DN o Major Paulo Poiares, coordenador dos Programas Especiais da Guarda.

"As dinâmicas relacionadas com os adolescentes são as que nos preocupam mais mas, hoje em dia, muito precocemente as crianças contactam com a internet. Logo, as nossas campanhas são para todos", afirmou o tenente coronel Paulo Santos, chefe do grupo de trabalho de Cibersegurança da GNR.

O primeiro vídeo a alertar o público juvenil para os perigos do sextorsion, colocado na página de Facebook da Guarda - e feito em colaboração com a organização espanhola Pantallas Amigas, dedicada à promoção e segurança de crianças e jovens na internet - chegou às 600.000 visualizações, acrescentou o oficial. "Pretendemos lançar outro vídeo do género, em breve, de alerta para o cyberbullying e para o furto de identidade, fenómenos que têm vindo a crescer", adiantou o tenente coronel Paulo Santos.

Para além disso, a GNR está a tentar construir um ciberespaço seguro criando uma "rede de confiança" que envolve como parceiros a escola, a família, instituições, empresas, comunidades e outros países.

O major Paulo Poiares referiu que vão ser feitas ações este ano nas escolas sobre estes crimes, extensivas a professores e auxiliares de educação, como também já fizeram para pais e idosos.

Internet Segura para 694 mil alunos

O programa Internet Segura da GNR chegou, neste ano letivo de 2015/16, a 5187 escolas e a 694997 alunos. O ano em que foi lançado o programa, 2012/13, foi o mais expressivo tendo chegado então a 6406 escolas e a 765778 alunos. As ações de sensibilização deste programa atingiram este ano 26528 crianças até aos 12 anos, 20573 jovens com mais de 12 anos e 2143crianças até 6 anos. Houve ainda 2125 idosos abrangidos por estas ações de sensibilização e 2725 pessoas do público em geral, segundo os dados avançados ao DN pelo comando geral da GNR. A registar ainda 99 comerciantes e 96 pessoas com deficiência sensibilizados para os perigos na internet.

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