Serviços secretos dos EUA: altos funcionários russos interferiram nas eleições

Serviços de informação norte-americanos defendem que só os mais altos responsáveis do governo poderiam ter autorizado ingerência nas eleições presidenciais
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Os líderes dos serviços de informações dos Estados Unidos afirmaram hoje que acreditam que altos responsáveis do governo russo estão envolvidos nos ataques informáticos contra o Partido Democrata durante as recentes eleições presidenciais norte-americanas.

"Acreditamos que só os mais altos funcionários russos poderiam ter autorizado o furto e a divulgação de dados relacionados com a eleição americana", indicaram três responsáveis dos serviços de informações norte-americanos numa declaração conjunta durante uma audição no Senado.

O diretor dos serviços secretos norte-americanos, James Clapper, o diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA na sigla em inglês), Michael Rogers, e o subsecretário de Defesa para os serviços de informações, Marcel Lettre, estão hoje a ser ouvidos numa comissão da câmara alta do Congresso norte-americano no âmbito da investigação dos alegados ciberataques russos durante a campanha eleitoral presidencial de 2016.

Enquanto diretor dos serviços de informação, Clapper (que entregou a demissão em novembro último) tem sob a sua alçada as 17 agências de serviços de informações norte-americanas, da CIA ao FBI ou à NSA.

De acordo com a intervenção conjunta, os responsáveis norte-americanos acreditam também que "a Rússia tem usado técnicas e métodos informáticos para tentar influenciar a opinião pública na Europa e Euroásia".

No seu depoimento, James Clapper disse ainda que a Rússia tem tido "claramente uma posição ainda mais agressiva no domínio cibernético, aumentando as operações de espionagem informática, tornando públicos os dados recolhidos e visando as principais redes e infraestruturas".

Os serviços de informações detetaram atividades russas destinadas a "minar a confiança do público nas instituições e a confiança na informação, serviços e instituições", acrescentou o responsável.

Os Estados Unidos têm acusado o governo de Moscovo de estar por trás de ataques informáticos ao Partido Democrata durante a campanha para as presidenciais norte-americanas de novembro com o objetivo de favorecer o candidato republicano (e vencedor das eleições), Donald Trump, em detrimento da candidata democrata Hillary Clinton.

O ainda Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que termina o mandato a 20 de janeiro, decretou recentemente sanções económicas contra a Rússia por causa desta alegada tentativa de ingerência nas eleições e determinou a expulsão de 35 diplomatas russos do país.

Na mesma declaração conjunta, os responsáveis afirmaram também que o governo da China continua a conduzir operações de ciberespionagem contra os Estados Unidos e empresas e organizações norte-americanas, mesmo depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter assumido o compromisso de travar tais manobras.

"Pequim continua a levar a cabo ciberespionagem contra o governo dos Estados Unidos, os nossos aliados e as empresas norte-americanas", indicaram os responsáveis, mencionando, no entanto, que os serviços de informações norte-americanos e peritos privados "têm observado uma certa redução da atividade" chinesa.

Durante uma visita de Estado a Washington, em setembro de 2015, Xi Jinping e Barack Obama anunciaram um acordo de cooperação entre os dois países para lutar contra os ciberataques.

Os Estados Unidos têm-se insurgido contra as atividades de pirataria informática chinesas e, em 2014, processaram judicialmente por pirataria informática e espionagem económica cinco responsáveis militares chineses.

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