Seguir em frente

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É este o lema dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que tiveram a sua abertura na passada sexta-feira.

Estas Olimpíadas são especiais em vários aspetos. Pela primeira vez a chama olímpica chegou a um estádio vazio. As competições não têm público nas bancadas. Até mesmo a cerimónia de abertura dos Jogos, com toda a sua grandiosidade, contou com uma assistência física que não chegou aos 1000 convidados.

Tudo características cuja responsabilidade depende essencialmente do combate em que nos vemos envolvidos. Os Olímpicos, em si mesmo, também trazem novidades nesta edição adiada. Uma das mais relevantes é que pela primeira vez as nações tiveram dois porta-estandartes, em vez do habitual singular.

Motivo? Pretende-se que estes jogos sejam também marcados pela promoção da igualdade de género. Boa escolha, portanto, a da Comitiva nacional ao apresentar os nossos campeões Telma Monteiro e Nelson Évora para a tarefa.

A cada 4 anos os melhores dos melhores de todo o mundo competem entre si para estabelecer novos recordes nas diversas modalidades. Assim tem sido desde o Sec. VIII A.C., quando em Olímpia, na Grécia, se realizavam os jogos da Antiguidade.

O facto é que os jogos da XXXII Olimpíada ostentam um novo desafio: a demonstração da capacidade e resiliência da Humanidade para conseguir seguir em frente. Pela primeira vez desde que há memória, o evento e a sua concretização tornaram-se em pontos focais. Não os atletas ou as comitivas dos diferentes países.

Nesta edição, mais do que as medalhas (que se desejam muito), espera-se que os jogos se realizem. Queremos que seja pedra de toque para o futuro coletivo, que fiquem na história e para memória futura do momento em que a Humanidade "deu as mãos" e conseguiu vencer o vírus.

Essa será a grande marca que tem de ser alcançada em Tóquio, mais do que o ouro, os recordes, ou a mera participação. Uma mensagem de esperança que demonstrará a possibilidade de voltar a viver sem medo de um inimigo invisível.

Não consigo vislumbrar melhor forma de começar as férias de verão, isto é, idealizando um regresso à normalidade, mesmo que através de pequenos passos.

De Tóquio a Paris passarão apenas três anos. Nesse futuro próximo esperar-se-á encontrar uma nova realidade, uma espécie de mundo novo onde o vírus não condicione a humanidade. Nunca como hoje as pessoas se sentiram tão limitadas nas suas ações, independentemente das suas origens ou condição económica. Este combate é verdadeiramente global e interdependente.

A humanidade está do mesmo lado da barricada e luta pela mesma medalha! E talvez mesmo só por isso, desta vez, o vencedor serão todos os países e não apenas alguns.

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