Savannah negoceia com "vários grupos" criação de refinaria de lítio em Portugal

O secretário de Estado da Energia, João Galamba, afirmou na semana passada que a meta do governo é ter a primeira refinaria de lítio da Europa.
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Prosseguem os esforços para colocar Portugal no centro do circuito europeu das baterias de lítio. Os australianos da Savannah Resources estão "em negociações com vários grupos interessados em financiar e desenvolver uma refinaria em Portugal", revela fonte oficial da empresa de origem australiana em resposta ao DN/Dinheiro Vivo.

"A Savannah pretende produzir 200 mil toneladas de concentrado de espodumena de lítio por ano, o que pode ser a base para apoiar o desenvolvimento de uma grande indústria nova em Portugal, a produção de hidróxido de lítio, que é um composto químico usado na produção de baterias de iões de lítio", explica a empresa.

De acordo com a Savannah, que segundo esta lógica será a fornecedora da matéria-prima da futura refinaria portuguesa, "esta poderá ser a primeira refinaria de lítio na Europa, o que ajudará a ancorar a cadeia de valor do lítio e dos veículos elétricos na Europa, que está em rápido crescimento".

A garantia surge depois das declarações do secretário de Estado da Energia ao jornal Público. João Galamba afirmou que o objetivo do governo é atrair para Portugal a primeira refinaria de lítio da Europa, apontando o porto de Leixões como local estratégico.

Na mesma entrevista, o governante sublinhou estar à espera de que a Savannah apresente o estudo de impacte ambiental da Mina do Barroso para avançar para uma "discussão séria" com os australianos, que serão os fornecedores da matéria-prima da refinaria.

Também esse passo está cada vez mais próximo. Ao DN/Dinheiro Vivo, os responsáveis da Savannah revelam que o estudo de impacte ambiental, bem como o plano de lavra do projeto, estão "quase concluídos", estando a sua apresentação prevista para janeiro de 2020. Já o estudo de viabilidade definitivo deverá estar pronto na primeira metade do próximo ano.

O estudo de impacte ambiental da Mina do Barroso, detalha a empresa, irá "delinear uma série de iniciativas que irão colocar a indústria no caminho do desenvolvimento mineiro sustentável, após ter em conta o feedback das partes interessadas".

A Savannah destaca ainda que a extração mineira será centrada em materiais "sustentáveis", e que a água e a energia serão usadas com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica. O projeto da Mina do Barroso é candidato à certificação CERA, uma iniciativa financiada pela União Europeia que pretende garantir a sustentabilidade da extração mineira na Europa.

A Savannah detém os direitos de prospeção e pesquisa da Mina do Barroso, no município transmontano de Boticas. A empresa liderada por David Archer está no terreno desde 2017, depois de em 2006 ter assinado um contrato de concessão mineira válido por 30 anos.

No final de agosto, a empresa afirmou ao DV que tem como objetivo "obter o licenciamento de uma unidade industrial para a concentração do mineral de lítio", num projeto que deverá criar 300 postos de trabalho diretos e 600 indiretos.

A refinaria da Savannah não é a única na calha para nascer no país. Também a Lusorecursos tem planos para criar uma refinaria de lítio em Montalegre, Trás-os-Montes. O projeto da empresa portuguesa, que em março assinou com o Estado um contrato para a exploração do minério, prevê a construção de um complexo industrial na região transmontana, num investimento que ronda os 500 milhões de euros e que poderá criar até 500 postos de trabalho.

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