A quarta viagem de circum-navegação do navio-escola Sagres vai inaugurar uma nova etapa na vida do veleiro, construído em 1937 e que desde os anos 1960 também serve como embaixada itinerante de Portugal: ser uma plataforma científica..O navio Sagres zarpa de Lisboa a 5 de janeiro de 2020 e, ao longo dos 371 dias da viagem que celebra os 500 anos da primeira volta ao mundo realizada por Fernão de Magalhães, vai estar envolvido na concretização de cinco projetos de investigação científica preparados por instituições portuguesas e estrangeiras..O primeiro dos projetos, que visa encontrar respostas para um dos grandes problemas ambientais da atualidade no meio marinho, diz respeito à presença de microplásticos nas águas oceânicas - tanto no Atlântico como no Pacífico e no Índico..Os restantes projetos abrangem o lançamento de boias derivantes, a monitorização do campo elétrico atmosférico sobre os oceanos e a divulgação de "métodos, ferramentas e tecnologias inovadoras" de telemetria, gestão e análise de dados relativos ao impacto da atividade humana nos grandes tubarões e raias (assim como nos respetivos habitats), diz o porta-voz da Marinha, comandante Pereira da Fonseca..Instituto Hidrográfico (IH), Centro de Investigação do Atlântico, Universidade do Minho, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Universidade Federal do Panamá (Brasil), Universidade de Reading (Reino Unido) e Agência Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, sigla em inglês) são algumas das instituições académicas e de investigação envolvidas naqueles projetos.."Oportunidade inédita".O projeto dos microplásticos só vai produzir resultados a partir de 2021, uma vez que só em janeiro desse ano - com a Sagres já fundeada em Lisboa - é que o IH vai receber as amostras de água recolhidas ao longo do percurso, explica o diretor técnico do IH, comandante Mesquita Onofre..Os microplásticos são partículas com tamanho que varia entre 1 e 5 milímetros e "não se degradam ao longo" do tempo, ao contrário dos compostos orgânicos, pelo que não há necessidade de ir enviando as amostras para Portugal durante as muitas escalas do navio, adianta o oficial, acrescentando que a guarnição da Sagres vai receber formação específica sobre como proceder à recolha de água, identificação dos locais e armazenamento..Para Carla Palma, responsável da Divisão de Química do IH, a viagem de circum-navegação da Sagres "é uma oportunidade inédita para a recolha de amostras de microplásticos nos vários pontos do planeta".."Espera-se contribuir para o avanço científico nas várias questões adjacentes ao tema dos microplásticos e que inquietam os investigadores. Uma delas, fundamental, é a identificação das fontes de poluição de forma a avaliar a quantidade de plásticos que entram nos cursos de água e oceanos", destaca a especialista..Identificar "locais prioritários em termos de ocorrência e acumulação de detritos de plástico" com dimensões tão reduzidas, assim como contribuir para "desenvolver e acompanhar todos os esforços de diminuição" desse material "e respetivas políticas", são outros objetivos inerentes a esse projeto..Proteger tubarões e raias.O impacto das atividades humanas no habitat de tubarões e raias e sobre estas espécies - quando dois terços dos vertebrados marinhos estão em vias de extinção - justificam o projeto Circumtrack..O envolvimento da Sagres neste projeto passa por realizar diversos workshops ao longo da viagem, destinados a cientistas e membros das comunidades tecnológica e empresarial em Cabo Verde, Brasil e África do Sul..Outros dois projetos envolvem a largada de dezenas de flutuadores, um dos quais integra o chamado Programa Global de Boias Derivantes que, ao tocarem na água, começam a medir a temperatura da água e as correntes marítimas (em superfície e a 18 metros de profundidade) - dados transmitidos via satélite..Além desse projeto, em parceria com a NOAA, o diretor da Escola de Hidrografia e Oceanografia do IH explica ao DN que vão ser também lançadas boias no âmbito do projeto europeu MELOA (também para efeitos de observação e monitorização oceânica)..A verdade é que esses projetos representam uma dor de cabeça para o comandante da Sagres, capitão-de-fragata Maurício Camilo: "Ou me fornecem as boias pelo caminho ou não levo muitas" por falta de espaço nos porões..O quinto projeto científico chama-se SAIL e envolve o estudo das trocas de calor e humidade - parâmetros influenciados pelas nuvens baixas e pelos índices de reflexão da luz na água (albedo) - entre a superfície marinha e a atmosfera.
A quarta viagem de circum-navegação do navio-escola Sagres vai inaugurar uma nova etapa na vida do veleiro, construído em 1937 e que desde os anos 1960 também serve como embaixada itinerante de Portugal: ser uma plataforma científica..O navio Sagres zarpa de Lisboa a 5 de janeiro de 2020 e, ao longo dos 371 dias da viagem que celebra os 500 anos da primeira volta ao mundo realizada por Fernão de Magalhães, vai estar envolvido na concretização de cinco projetos de investigação científica preparados por instituições portuguesas e estrangeiras..O primeiro dos projetos, que visa encontrar respostas para um dos grandes problemas ambientais da atualidade no meio marinho, diz respeito à presença de microplásticos nas águas oceânicas - tanto no Atlântico como no Pacífico e no Índico..Os restantes projetos abrangem o lançamento de boias derivantes, a monitorização do campo elétrico atmosférico sobre os oceanos e a divulgação de "métodos, ferramentas e tecnologias inovadoras" de telemetria, gestão e análise de dados relativos ao impacto da atividade humana nos grandes tubarões e raias (assim como nos respetivos habitats), diz o porta-voz da Marinha, comandante Pereira da Fonseca..Instituto Hidrográfico (IH), Centro de Investigação do Atlântico, Universidade do Minho, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Universidade Federal do Panamá (Brasil), Universidade de Reading (Reino Unido) e Agência Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, sigla em inglês) são algumas das instituições académicas e de investigação envolvidas naqueles projetos.."Oportunidade inédita".O projeto dos microplásticos só vai produzir resultados a partir de 2021, uma vez que só em janeiro desse ano - com a Sagres já fundeada em Lisboa - é que o IH vai receber as amostras de água recolhidas ao longo do percurso, explica o diretor técnico do IH, comandante Mesquita Onofre..Os microplásticos são partículas com tamanho que varia entre 1 e 5 milímetros e "não se degradam ao longo" do tempo, ao contrário dos compostos orgânicos, pelo que não há necessidade de ir enviando as amostras para Portugal durante as muitas escalas do navio, adianta o oficial, acrescentando que a guarnição da Sagres vai receber formação específica sobre como proceder à recolha de água, identificação dos locais e armazenamento..Para Carla Palma, responsável da Divisão de Química do IH, a viagem de circum-navegação da Sagres "é uma oportunidade inédita para a recolha de amostras de microplásticos nos vários pontos do planeta".."Espera-se contribuir para o avanço científico nas várias questões adjacentes ao tema dos microplásticos e que inquietam os investigadores. Uma delas, fundamental, é a identificação das fontes de poluição de forma a avaliar a quantidade de plásticos que entram nos cursos de água e oceanos", destaca a especialista..Identificar "locais prioritários em termos de ocorrência e acumulação de detritos de plástico" com dimensões tão reduzidas, assim como contribuir para "desenvolver e acompanhar todos os esforços de diminuição" desse material "e respetivas políticas", são outros objetivos inerentes a esse projeto..Proteger tubarões e raias.O impacto das atividades humanas no habitat de tubarões e raias e sobre estas espécies - quando dois terços dos vertebrados marinhos estão em vias de extinção - justificam o projeto Circumtrack..O envolvimento da Sagres neste projeto passa por realizar diversos workshops ao longo da viagem, destinados a cientistas e membros das comunidades tecnológica e empresarial em Cabo Verde, Brasil e África do Sul..Outros dois projetos envolvem a largada de dezenas de flutuadores, um dos quais integra o chamado Programa Global de Boias Derivantes que, ao tocarem na água, começam a medir a temperatura da água e as correntes marítimas (em superfície e a 18 metros de profundidade) - dados transmitidos via satélite..Além desse projeto, em parceria com a NOAA, o diretor da Escola de Hidrografia e Oceanografia do IH explica ao DN que vão ser também lançadas boias no âmbito do projeto europeu MELOA (também para efeitos de observação e monitorização oceânica)..A verdade é que esses projetos representam uma dor de cabeça para o comandante da Sagres, capitão-de-fragata Maurício Camilo: "Ou me fornecem as boias pelo caminho ou não levo muitas" por falta de espaço nos porões..O quinto projeto científico chama-se SAIL e envolve o estudo das trocas de calor e humidade - parâmetros influenciados pelas nuvens baixas e pelos índices de reflexão da luz na água (albedo) - entre a superfície marinha e a atmosfera.