Rússia conquistaria países do Báltico em 60 horas

Think tank norte-americano diz que tropas russas chegariam às capitais de dois dos três Estados da região em menos de três dias
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Tanques russos podem chegar em 60 horas, ou menos, às capitais de dois dos três Estados bálticos, Estónia e Letónia, se não for alterado o atual dispositivo militar da Aliança Atlântica na região. A conclusão é de um relatório do instituto de análise estratégica e multidisciplinar, Rand Corporation, divulgado esta semana e cujas conclusões se baseiam em simulações feitas no verão de 2014 e primavera de 2015.

As conclusões do documento referem que as forças estónias e letãs, em conjunto com os elementos da NATO nestes países, não teriam condições para travar uma ofensiva convencional russa, cenário que se aplica igualmente ao terceiro Estado da região, a Lituânia.

A análise da Rand Corporation baseia-se em exercícios simulados "por oficiais no ativo e na reserva" e, em qualquer cenário, "o máximo de tempo que as forças russas demoraram a chegar aos arredores de Talin e/ou Riga foi de 60 horas". O que colocaria a NATO "perante um número limitado de opções, todas más", lê-se em Reforço da Dissuasão no Flanco Leste da NATO, da autoria do codiretor do Centro de Simulação Militar da Rand, David A. Shlapak, e de Michael Johnson, investigador na área da Defesa.

As alternativas enumeradas no documento são uma "sangrenta contraofensiva, com um alto risco de intensificação do conflito, para libertar os Bálticos; a ameaça de intensificação por iniciativa própria, como sucedeu na Guerra Fria, para evitar a derrota; ou admitir a derrota, ainda que temporária, com consequências imprevisíveis, mas desastrosas, para a Aliança e, principalmente, para os povos do Báltico".

O documento realça que a realidade geográfica "favorece a Rússia" e que o atual posicionamento de forças favorece Moscovo. É recordado que a extensão da fronteira das três nações bálticas com a Rússia (mais de 2500 quilómetros) está à guarda apenas das forças nacionais e de pequenas unidades (ao nível de batalhão) de outros países da NATO, em sistema de rotatividade. Durante a Guerra Fria, uma extensão territorial semelhante - correspondente à fronteira da República Federal da Alemanha com a ex-RDA e ex-Checoslováquia, à época membros do Pacto de Varsóvia - era defendida "por mais de 20 divisões compostas por efetivos de cinco países membros da NATO". Atualmente, ainda que a relação de forças russas (22 batalhões) com as da NATO (12), favorável àquelas numa relação de 2 para 1, não seja desproporcionada em si, a natureza do equipamento confere às primeiras inequívoca superioridade.

O documento nota que todas as unidades russas estão motorizadas, possuem veículos blindados e carros de combate enquanto as forças da NATO são de infantaria ligeira, com apenas um batalhão de veículos blindados Stryker, sem quaisquer carros de combate. Com escassa profundidade geográfica e com um ponto de apoio a uma invasão na sua retaguarda, o exclave de Kaliningrado, os Estados bálticos estão reféns de uma frágil situação estratégica.

Ainda que considerando pouco provável, a curto prazo, o cenário de uma invasão, o relatório defende a necessidade de uma presença permanente da NATO nos Estados membros do Báltico - mais propriamente de sete brigadas, três das quais blindadas - para tornar claro a Vladimir Putin que uma agressão na região não seria um passeio militar, como o que resultou dos exercícios documentados no trabalho da Rand Corporation.

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