Rússia acusada de ter disparado projéctil no espaço a partir de um satélite
O Reino Unido e os EUA acusam a Rússia de ter lançado um projétil, com semelhanças a uma arma, a partir de um satélite no espaço.
"Estamos preocupados com a maneira como a Rússia testou um dos seus satélites lançando um projétil com as características de uma arma", disse em comunicado o chefe da diretoria espacial do Reino Unido. A nota, citada pela BBC, afirma que ações como esta "ameaçam o uso pacífico do espaço".
Os EUA já tinham levantado preocupações sobre este satélite russo.
No seu comunicado, o vice-marechal Harvey Smyth, chefe da diretoria espacial do Reino Unido, disse que "ações como esta ameaçam o uso pacífico do espaço e podem causar detritos que representam uma ameaça para os satélites e os sistemas espaciais dos quais o mundo depende".
"Apelamos à Rússia para evitar mais testes deste tipo. Também instamos a Rússia a continuar o trabalho de forma construtiva com o Reino Unido e outros parceiros para incentivar o comportamento responsável no espaço", prosseguia a nota dos ingleses.
É a primeira vez que o Reino Unido faz acusações sobre a realização de testes russos no espaço, diz o correspondente de defesa da BBC Jonathan Beale. Isto acontece poucos dias depois de uma investigação apontar que o governo britânico "subestimou gravemente" a ameaça representada pela Rússia.
O incidente aumenta as preocupações sobre uma nova corrida ao armamento no espaço, acrescentou, considerando que outras nações também estão a investigar tecnologias que podem ser usadas como armas no espaço.
Os EUA disseram que o sistema de satélites russo é o mesmo que levantou preocupações em 2018 e no início deste ano, quando os norte-americanos acusaram os russo de manobrar o sistema perto de um satélite americano.
Sobre este último incidente, o general Jay Raymond, que lidera o comando espacial dos EUA, disse que há evidências "de que a Rússia realizou um teste não destrutivo com uma arma anti-satélite espacial".
"É mais uma evidência dos esforços contínuos da Rússia para desenvolver e testar sistemas espaciais e é consistente com a doutrina militar publicada pelo Kremlin para empregar armas que colocam em risco os recursos espaciais americanos e aliados", acrescentou o general Raymond.
Este teste russo faz parte de um padrão da recente atividade espacial russa. Em fevereiro, os militares dos EUA disseram que dois satélites russos manobraram perto de um americano e, em abril, Moscovo testou um intercetador de satélite terrestre.
Apenas quatro países - Rússia, EUA, China e Índia - demonstraram capacidade anti-satélite nas últimas décadas. O interesse por estas armas está em crescendo, dada a dependência de satélites para diversos fins, como recolha de informações, comunicações, navegação e alertas.
Não há tratado que proíba ou limite estas armas, embora vários países tenham argumentado que devia existir algum tipo de acordo para tal.
Porém, em termos militares, o espaço já se tornou a nova fronteira, com vários países a organizar comandos específicos nas suas forças armadas para lidar com os aspetos defensivos e ofensivos da proteção dos seus sistemas espaciais.