Rui Pinto reage à sua libertação: "A luta continua. Portugal tem de mudar!"
Rui Pinto, o pirata informático que foi libertado no fim de semana, recorreu a uma conta de Twitter para falar em público sobre a sua detenção, originada por um processo movido pela Doyen cujo julgamento irá ter início em setembro.
"Um bem-haja a todos aqueles que desde a primeira hora demonstraram o seu apoio e solidariedade. Finalmente esta árdua e longa 'travessia do deserto' chegou ao fim", escreveu o jovem de Vila Nova de Gaia, numa conta de Twitter com o seu nome mas que continuou a fazer publicações durante o período em que esteve detido.
"Mas a luta continua, porque, volvidos quase dois anos, Portugal continua um paraíso para a grande corrupção e para o branqueamento de capitais. É agora mais do que nunca que precisamos de união e de resiliência. Portugal tem de mudar!", lê-se na mensagem que terá sido escrita por Rui Pinto, que agora é uma testemunha protegida pela autoridades portuguesas depois de ter colaborado com a Polícia Judiciária.
Rui Pinto foi detido em março de 2019 na Hungria e depois extraditado para Portugal, no âmbito do caso Doyen. Por este caso irá a julgamento, com início a 4 de setembro, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, acusado de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.
Mas o hacker, que foi um dos criadores da plataforma Football Leaks, na qual foram expostas situações do mundo do futebol, esteve também ligado ao Luanda Leaks, que revelou a alegada forma ilícita de obtenção de fundos angolanos por Isabel dos Santos. Com material obtido através de pirataria informática, Rui Pinto tornou-se importante para a PJ a nível de crimes de corrupção e branqueamento de capitais e terá colaborado com esta, nomeadamente na desencriptação de discos rígidos onde guardava material obtido em diversas fontes.
Por isso, está agora em liberdade, por decisão da juíza Margarida Alves, que preside ao coletivo que irá julgá-lo em setembro. Ao abrigo do programa de proteção de testemunhas, vive em local não revelado e sob proteção policial, por questões de segurança. Está obrigado a apresentações periódicas às autoridades.