Roman Polanski vai processar a Academia de Hollywood

Realizador contesta o facto de ter sido expulso sem sequer ter sido ouvido. E diz que o movimento #metoo é "histeria em massa".
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O cineasta polaco Roman Polanski vai processar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas depois de ter sido expulso daquela que é a entidade responsável pela atribuição dos Óscares.

Numa carta enviada à Academia de Hollywood, o advogado de Polanski, Harland Braun, explica que esta ação não tem como objetivo "contestar os méritos da decisão da expulsão" mas antes contestar a forma como esta decisão foi tomada, "não respeitando o próprio código de conduta" da Academia e ainda infringindo as leis corporativas da Califórnia, uma vez que o realizador de 84 anos não foi ouvido no processo nem teve qualquer hipótese de se defender. "Aquilo que pedimos é que ele seja ouvido, uma oportunidade para apresentar o seu caso", disse o advogado ao jornal Los Angeles Times.

A expulsão de Roman Polanski, realizador de filmes como A Semente do Diabo (1968), Chinatown (1974), Lua de Mel, Lua de Fel (1992), A Nona Porta (1999) e O Deus da Carnificina (2011) e a quem a Academia entregou um Óscar em 2003 pelo filme O Pianista, aconteceu a 3 de maio na sequência de vários escândalos realcionados com abusos e assédio sexual. Na mesma ocasião, foi também expulso o ator Bill Cosby, recentemente condenado de abusos sexuais.

O caso de Roman Polanski remonta a 1977 quando o realizador foi preso e condenado em Los Angeles pela violação de Samantha Geimer, na altura com 13 anos. Num acordo com os promotores públicos, Polanski reconheceu ter mantido "relações sexuais ilegais" com uma menor e passou 42 dias sob custódia para ser submetido a uma avaliação psiquiátrica antes de ser libertado. Nunca chegou a cumprir a pena de prisão e temendo que o acordo fosse anulado por outro juiz acabou por se exilar em França, onde já tinha cidadania.

Quanto a Samantha Geimer, quando soube da expulsão da Academia, 40 anos depois do crime, declarou que este foi um gesto "feio e cruel que serve apenas as aparências". Já no ano passado, Geimer tinha tentado encerrar o processo contra Polanski, declarando que já tinha perdoado Polanski, mas o pedido não foi aceite pela justiça norte-americana.

Numa entrevista publicada na semana passada na revista Newsweek, Roman Polanski tinha menorizado o movimento #metoo e todas as denúncias que se seguiram ao caso Weinstein desde o ano passado: "Penso que isto é o tipo de comportamento de histeria em massa que ocorre na sociedade de tempos a tempos", disse.

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