Ritmo de aumento de novos casos estava a desacelerar. Agora pode ter estagnado

O boletim diário da DGS atualizou esta segunda-feira a incidência da doença por 100 mil habitantes e o R (t) - índice de transmissibilidade. O primeiro subiu de 374,0 para 410, 4 a nível nacional. O segundo desceu de 1,13 para 1,10. O epidemiologista Manuel Carmo Gomes explicou ao DN que o ritmo de crescimento diário atingiu um pico de 5%, mas depois começou a diminuir e, nos últimos dias, tem-se mantido nos 2,5%.
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O ritmo de crescimento de novos casos de covid-19 teve um pico quando há cerca de duas semanas atingiu uma taxa média diária da ordem dos 5%, mas "dias depois esta taxa começava a abrandar para um crescimento de 4% a 3%", o que "significava que o aumento de casos estava claramente a desacelerar". Mas, agora, e desde há uns dias, o ritmo de crescimento de casos está nos 2,5%.

Uma situação que, segundo explicou ao DN o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que integra a equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que faz a modelação da doença desde o início da pandemia, pode significar que este abrandamento no aumento de casos estagnou. "O que me parecia é que estava a haver uma desaceleração no ritmo de crescimento, agora já não tenho tanta certeza de que esta continue. Vamos precisar de mais alguns dias para confirmar esta tendência".

No entanto, comenta, "se isso aconteceu não é bom", já que o abrandar o ritmo de crescimento é uma necessidade, uma prioridade para não se chegar ao Natal com a duplicação dos casos que temos agora. Aliás, este tem sido um cenário para o qual os especialistas têm vindo a alertar e que levou, igualmente, o Governo a aprovar novas medidas de rastreamento nas entradas em restaurantes, bares, discotecas, eventos desportivos, culturais e até no próprio país. Como explica o matemático e epidemiologista da Faculdade de Ciências de Lisboa, "não importa só que os casos comecem a descer, o que importa é a velocidade a que acontece esta descida".

Destaquedestaque410,4. Este é o valor atualizado ontem para a incêndia da doença por 100 mil habitantes a nível nacional. O valor anterior era de 374,0 para 100 mil habitantes. No continente, este valor era ontem de 413,9. Antes era de 376,5 por 100 mil habitantes.

O boletim diário da DGS sobre a evolução da doença, publicado ontem, dava conta que a incidência tinha subido de 374,0 por 100 mil habitantes a nível nacional para 410,4. No entanto, o R (t) - ritmo de transmissibilidade - desceu de 1.14 a nível nacional para 1.10, embora estas atualizações sejam feitas com dados que registam um intervalo de dois a três dias. Na análise feita pela Faculdade de Ciências aos números oficiais, "o R (t) estava claramente a descer, mas parece que esta descida parou", contudo, sublinha o matemático, "a ideia que temos é que também não piorou".

Os próximos dias, ou melhor a próxima semana, vão ser cruciais para determinar a situação que o país vai estar a viver no período do Natal, já que este é uma época de grande mobilidade e de duplicação de contactos. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já alertou para este facto: "Natal será como os portugueses quiserem".

As autoridades de saúde reforçam os apelos para a diminuição de contactos. Às empresas, o governo recomendou o teletrabalho, sempre que for possível, mas o efeito das novas medidas ainda não são visíveis. Até porque, explica Manuel Carmo Gomes, "os números de novos casos registados ontem (2236) ainda são elevados para uma segunda-feira. Há uma semana, eram muito menos e há duas também".

O que faz o epidemiologista reforçar não haver dúvidas de que "continuamos a crescer". "Cada dia que passa vamos ter sempre mais casos do que no dia anterior. Resta saber é se vamos conseguir diminuir ainda mais o ritmo de crescimento de novos casos ou se este ritmo vai para num aumento da ordem dos 2,5%". Manuel Carmo Gomes diz mesmo: "Gostaria de ter visto um número mais baixo".

Destaquedestaque2 216 Casos. Este é o número de infeções positivas à covid-19 registadas ontem no país, a par de 14 óbitos e de mais 37 internamentos, sendo agora o total de 948. Destes, 135 estão em unidades de intensivos.

No mapa de ontem, a região Norte voltava a ser a que maior número de novos casos registava (683), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (662), depois o Centro (480), o Algarve (280) e o Alentejo em último apenas com 50 novos casos. Nas regiões autónomas, a Madeira registava 106 novos casos e os Açores apenas 17. O número de óbitos foi de 14 e os internamentos subiram para 948, mais 37 do que na véspera. Do total, 135 estavam internados em cuidados intensivos. Até este momento, Portugal teve um total de 1 169 003 infetados, estando agora com 62 157 casos ativos e 77 283 contactos em vigilância.

O aparecimento de uma nova variante, a Ómicron, cujas características parecem indicar ter um grau mais elevado de transmissibilidade, mas menor gravidade, também veio reforçar alguns receios no sentido de que a doença volte a proliferar, mesmo com a vacinação.

Aliás, o dia de ontem foi marcado pela expectativa de se vir a saber qual o parecer da Comissão Técnica de Vacinação da DGS para a vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos, já que é nesta faixa etária em que se tem regista- do maior crescimento na incidência da doença. Contudo, até à hora de fecho desta edição não tinha sido divulgado qualquer comunicado com a decisão tomada.

De acordo com o que apurou o DN, a decisão da Comissão está tomada após reunião durante o fim de semana e análise do parecer pedido a um grupo de dez peritos, pediatras, enfermeiros, cardiologistas e outros representantes da Saúde. Seja como for, é preciso dizer que o próprio primeiro-ministro, António Costa, anunciou a 25 de novembro que o país tinha comprado já cerca de 700 mil doses da vacina pediátrica, caso a DGS viesse a aceitar que tal acontecesse.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde informou ontem que tais doses vão chegar mais cedo ao país, a 13 de dezembro. Ontem, também o ministro da Educação veio anunciar ter tudo preparado para que se inicie o processo de vacinação das crianças, manifestando que o ideal era que este começasse antes do início do segundo período. Portanto, da parte das autoridades de saúde e dos governantes a ideia é que de esta vacinação irá mesmo acontecer.

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