Viabilizar um Governo PS? Rio só responde quando Costa também o fizer
"Eu respondo-lhe a isso quando o dr. António Costa responder se está disponível para viabilizar o meu governo, no caso de eu ganhar e não ter maioria absoluta", afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, no final de um almoço com empresários em Vila Nova de Gaia (Porto).
Antes, questionado sobre uma posição, hoje divulgada, do banco de investimento holandês ING que considera que o "enfoque do PS na prudência orçamental" torna menos provável nova aliança à esquerda, o líder do PSD disse não ter lido a notícia, mas reiterou o que diz ser "a sua convicção".
"Nós vamos ter o resultado eleitoral no próximo domingo e logo vamos ver o xadrez que dali sai. A minha convicção é que o PS andou a atacar o BE e, em parte o PCP, mas se o resultado eleitoral for de tal maneira que o PS possa formar Governo com apoio do PCP e BE acho que será isso que irá acontecer", afirmou.
Rio aconselhou os jornalistas a dirigirem a pergunta ao líder do PS, mas defendeu que "toda esta guerra entre BE e PS é apenas até 06 de outubro e não com 07 de outubro".
"Se se tiverem de se entender vão-se entender outra vez, é a minha convicção", afirmou.
Depois de ter dito que tinha como objetivo libertar o país da influência de PCP e BE, Rio foi questionado se um cenário de uma nova `geringonça´ significaria "que falhou".
"Não, falhar, pode não falhar porque a vontade é do PS. Mas aquilo que eu sempre referi é que estou disponível - e essa é das principais funções com que encaro a minha presença na política ainda hoje - para possibilitar que o país tenha uma série de reformas estruturais", disse.
No entanto, acrescentou, tal "não implica a viabilização de um Governo e muito menos ter de ir para o Governo, isso é que não implica mesmo".
"Eu e o dr. António Costa dissemos o mesmo: um bloco central - com os dois partidos no Governo - só faz sentido em situação limite de interesse nacional, o que manifestamente não é o caso", afirmou.
O presidente do PSD defendeu que "há uma notória diferença" entre o seu perfil e o de António Costa, quanto à sensibilidade para a gestão, e avisou que os sociais-democratas não propõem uma "colossal descida de impostos".
Num almoço com empresários organizado pelo clube de reflexão política Via Norte, em Vila Nova de Gaia (Porto), Rui Rio apontou o caso específico do Serviço Nacional de Saúde, onde defendeu que o problema é mais de gestão do que recursos, para depois partir para uma comparação mais geral.
"Aquilo de que precisamos, em primeiro lugar, é mesmo ao nível da gestão pública termos mais gestão. E aí há notoriamente uma diferença entre aquilo que é o meu perfil e o que é o perfil do Dr. António Costa, no que concerne à sensibilidade para a área da gestão", afirmou.
Reconhecendo que o primeiro-ministro não tem de ser um gestor, o líder do PSD considerou "muito importante" que o chefe do executivo "tenha sensibilidade para a gestão e empurre todo o Governo no sentido de uma maior eficácia e uma maior eficiência na gestão da coisa pública".
Perante uma plateia maioritariamente constituída por empresários, Rio explicou algumas das ideias do quadro macroeconómico do programa do PSD, que prevê uma redução da carga fiscal de 34,9% para 33,3% do Produto Interno Bruto.
"Isto não é uma redução de impostos brutal, já tivemos colossais aumentos de impostos, isto não é uma colossal descida de impostos", avisou, considerando que o objetivo do PSD "é inverter" o aumento da subida dos impostos.
"Há um momento em que Portugal de dizer para, basta, vamos inverter", disse.
Rui Rio repetiu as várias reformas estruturais que considera exigirem acordos alargados -- como segurança social, justiça, sistema político -, e em que incluiu a descentralização.
Neste caso, o líder do PSD disse ainda não ter lido "de propósito" o relatório da Comissão Independente da Descentralização, entregue no final de julho, por entender que este só deve ser debatido na próxima legislatura.
"A partir de 06 de outubro aquele relatório tem de entrar na discussão pública para vermos como devemos fazer a nossa descentralização e desconcentração, não pode estar tudo concentrado no mesmo sítio, que é a Área Metropolitana de Lisboa", apontou.