Ricardinho e... Conheça os heróis do histórico título mundial de futsal

A seleção nacional venceu este domingo a Argentina (2-1), na final do Campeonato do Mundo de futsal, com dois golos de Pany Varela. Conheça os 16 em quem Jorge Braz confiou a missão de juntar o título mundial ao europeu ganho em 2018.
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O capitão Ricardinho lidera um grupo de campeões mundiais onde se destacam a alma de João Matos, o pontapé-canhão de André Coelho, os golos de Bruno Coelho e Pany Varela e o caçula Zicky. Há ainda um guarda-redes sem medo e um herói inesperado. Para serem campeões do mundo os pupilos de Jorge Braz deixaram para trás: Tailândia, Ilhas Salomão, Marrocos, Sérvia, Espanha, Cazaquistão e Argentina.

Conheça os 16 magníficos!

Se o futsal é conhecido em Portugal e em algumas partes do mundo muito se deve ao génio de Ricardinho e aos seus "cabritos", que correram mundo e lhe valeram seis títulos de melhor jogador. Rivaliza com Falcão pelo título de melhor de sempre e o título mundial e o troféu de melhor jogador da prova irá com certeza animar ainda mais essa competição.

Começou no Gramidense, mas foi no Benfica que se notabilizou antes de espalhar magia no Japão, Rússia, Espanha e França. É o capitão e foi ele que levantou o troféu de Campeão de Mundo e de Campeão da Europa em 2018. Aos 36 anos, está sem clube...

É o homem dos golos decisivos. Foi ele que marcou o golo frente a Espanha que deu o título europeu em 2018 e já neste mundial marcou o golo que eliminou os espanhóis e colocou a seleção nas meias finais. Foi num clube de bairro, na baliza dos juvenis da JOMA (Sintra), que "começou a paixão pelo futsal".

Saiu para o Vila Verde e foi nessa altura que a baliza se tornou demasiado pequena para ele e passou a jogar à frente. No Benfica ganhou dimensão mundial e chegou à seleção, tendo já sido nomeado para melhor jogador do mundo. Aos 34 anos, prepara-se para jogar no FF Nápoles.

O capitão do futsal do Sporting contabiliza 29 troféus aos 34 anos, incluindo duas Champions e nove título nacionais... para além do europeu pela seleção. Tem o dom da palavra e faz discursos motivadores intensos e eficazes. É uma das referências da seleção, que representa desde 2008, e da modalidade, com uma forte ligação ao clube que representa.

Depois dos iniciados do Carnaxide, ingressou nas escolas do Sporting, chegando ao plantel principal na época 2005-2006. É a alma do grupo e a voz de comando, uma espécie de capitão sem braçadeira.

A vida de Euclides Vaz, "Bebé" por ser o mais novo de sete irmãos, já deu um livro intitulado Sem Medo. Com raízes africanas e nascido em Portugal, foi guarda-redes de andebol na escola e jogou futebol de 11 no Sporting até experimentar o futsal por influência de um irmão no bairro de Santos (Lisboa), no clube Os Económicos. O talento no futsal levá-lo-ia outra vez ao Sporting, mas estava tapado por João Benedito e acabou no rival.

Os 11 anos de Benfica marcaram-no. A saída da Luz foi amarga, mas os Leões de Porto Salvo permitiram-lhe continuar no auge. Aos 38 anos, é dono da baliza portuguesa. Homem de fé, chegou a falhar jogos por serem ao domingo, dia de culto para ele. Tem a alcunha de "Garçon" por ter um restaurante e servir às mesas.

Joga na maior liga do mundo, a espanhola, e é campeão pelo Barcelona. Aos 27 anos, o jogador formado no ABC Nelas vive o melhor momento da carreira. Descontraído por natureza, diz-se "trabalhador e dedicado", com "sonhos e objetivos", como o de jogar pela seleção e ser campeão da Europa.

A reforma do "pontapé-canhão", como lhe chamam na seleção, ainda está longe, mas quando deixar o futsal espera fazer uso do curso que tirou - Engenharia Civil - enquanto jogava no Sp. Braga.

Iniciou-se no futsal na Associação Juvenil Abel Botelho, de Tabuaço, em 2012 , mas foi no Sp. Braga que fez história, ao mudar-se para o Benfica. Foi a primeira venda da história do futsal minhoto. Aos 28 anos, joga com o ídolo Ricardinho na seleção e se não fosse jogador de futsal talvez tivesse sido polícia. Gosta de ler e ouvir música antes dos jogos para se concentrar.

Tem no currículo o facto de ser o mais jovem de sempre a estrear-se pela seleção a seguir a Ricardinho. Começou a jogar no colégio, Os Maristas. Inspira-se nos colegas e treinadores. Gosta de tirar fotografias e impressiona os colegas com a mestria com que o faz.

Foi um dos destaques deste mundial. Marcou os dois golos que deram o título na final com a Argentina. Com oito golos foi o segundo melhor marcador da prova e eleito o segundo melhor jogador. Foi decisivo na estratégia de Jorge Braz. Já tinha sido assim no europeu de 2018.

Nascido em Cabo verde, Anilton ("Pany" por culpa da avó) chegou a Portugal com 10 anos. Foi nas ruas de Vialonga que aperfeiçoou o português e adquiriu o gosto pelo futsal n"Os Patuscos, antes de ir para os escalões de formação do Forte da Casa. Agradece-lhes até hoje por o terem "desviado dos maus caminhos" e o terem levado a clubes como o Belenenses, Fundão, Benfica ou Sporting, onde já conquistou duas Champions.

Nascido no México, é jogador do Sporting e tem uma longa história de superação. Diagnosticado com a doença de Perthes (desfaz a cabeça do fémur), ouviu os médicos dizer que poderia não voltar a jogar e se corresse mal podia nem voltar a andar.

Passou anos agarrado a uma cadeira de rodas e um par de muletas, e como não podia jogar ia à baliza e defendia as bolas sentado. Foi assim que manteve viva a paixão do futsal no clube Quinta dos Lombos, fundado pelos tios. O fémur regenerou-se e ele voltou a jogar, chegando a conquistar o campeonato e a Champions pelo Sporting. Agora é campeão mundial.

O luso-guineense, de 20 anos, está a deslumbrar em Alvalade. Nasceu em Bissau e foi lá que começou a jogar antes de se mudar com a família para Santo António dos Cavaleiros (Loures), com seis anos. Começou no GROB e esteve no PSAAC até os leões o descobrirem.

Com 17 anos estreou-se pelo Sporting e tornou-se no mais jovem de sempre a marcar no campeonato português. Neste mundial teve uma "estreia de sonho", tornando-se no mais jovem português a jogar uma fase final e a marcar. Dele podem contar com "irreverência, intensidade e muita vontade". Agora é também o mais jovem de sempre a ser campeão mundial.

O miúdo brincalhão que jogava no bairro em Rio de Mouro cresceu no futsal dos Leões de Porto Salvo e joga hoje no Sporting e na seleção. Para Pauleta, o futsal "é diversão e paixão". Esteve infetado com covid-19 e só recuperou para a estreia do mundial. Tem jogado pouco mas mantém o espírito de grupo e o sorriso.

O guarda-redes, de 35 anos, do Benfica, que começou na Académica e já foi campeão nacional pelo Sporting, foi chamado depois de Edu Sousa testar positivo à covid-19 durante o estágio de preparação do mundial. Um prémio para o guarda-redes titular na conquista do europeu de 2018 e tendo em conta que foi operado a um osso da mão em janeiro e esteve vários meses parado.

Irmão de Bernardo Paçó, Tomás é um dos promissores jogadores da nouvelle vague do futsal. Começou no Olival Bastos, mas é em Alvalade que tem brilhado. Com 20 anos, já conquistou uma Liga dos Campeões, um Campeonato Nacional, uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga.

Esteve infetado com covid-19 (tal como Pauleta). Foi reintegrado no grupo no dia de estreia e foi ele que marcou o penálti que colocou Portugal na final ao vencer o Cazaquistão (4-3). Influenciado pelo pai para a prática do futsal, começou no clube da terra, o Freixieiro, com oito anos e esteve lá até ir jogar para a Rússia, aos 20. Depois voltou e jogou no Sp. Braga e Benfica. É formado em Educação Física.

Tem entrado cirurgicamente em alguns momentos do jogo. Entrou no futsal com a camisola do Boavista. Era visto como o prodígio do futsal português e aos 17 anos foi contratado pelo Sporting, mas se as lesões foram atrapalhando o crescimento, não evitaram a afirmação. Aos 27 anos já representou o Benfica e o Sporting (por duas vezes).

Foi no bairro onde morava, Campinas, em Ramalde, que começou a jogar futebol de salão num ringue. Sonhava marcar golos, mas também tinha um fascínio enorme por calçar as luvas de guarda-redes... embora no futsal o guarda-redes não use luvas. "Levar com bolas no corpo ou na cara não está ao alcance de qualquer um, é preciso coragem e dose considerável de loucura", na opinião do guarda-redes, de 38 anos, do Sp. Braga, a quem chamam de "o china", pelos olhos em bico.

isaura.almeida@dn.pt

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