Retoma do turismo português é "boa notícia". Pressões devem ser resolvidas

O comissário europeu da economia admite que "o setor de aviação está sob pressão, em muitos casos devido à falta de pessoal", salientando que "estas dificuldades devem ser abordadas pelas autoridades [nacionais]" e que à Comissão Europeia cabe "analisar o problema".
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A Comissão Europeia considera que a retoma antecipada do turismo internacional é "boa notícia" para Portugal, lembrando que cabe às autoridades nacionais gerir os problemas causados pela elevada pressão nos aeroportos europeus, como no de Lisboa.

"Do ponto de vista do fluxo turístico, o que vemos é um extraordinário relançamento, não do turismo em si, porque o turismo em si também foi bastante forte na época de verão anterior, mas do turismo internacional e também o turismo intercontinental, e, claro, isto significa que, para países fortemente dependentes no turismo internacional, esta é uma boa notícia", indica o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, em entrevista à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas.

No dia em que o executivo comunitário divulga as suas previsões económicas de verão, que apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal em 6,5% este ano, o maior da zona euro e da União Europeia, o responsável admite também que "o setor de aviação está sob pressão, em muitos casos devido à falta de pessoal", salientando que "estas dificuldades devem ser abordadas pelas autoridades [nacionais]" e que à Comissão Europeia cabe "analisar o problema".

"Não estou, obviamente, a negar as dificuldades e os problemas que podemos ter nas viagens, mas estou a dizer que os números que temos, e que também fazem parte das nossas previsões económicas - por exemplo para Portugal, que é uma economia tipicamente muito ligada ao turismo internacional - é que o fluxo turístico internacional é muito forte e a dimensão da procura internacional muito mais forte do que no ano anterior", elenca Paolo Gentiloni.

Após o impacto acentuado da covid-19 no setor das viagens, o comissário europeu da Economia lembra que "a reabertura total do mercado global de viagens não está completa", mas destaca que "a vontade de reabrir para viajar também em voos intercontinentais é muito, muito forte e está na base das dificuldades mencionadas".

"A procura é muito forte do turismo internacional e penso que esta procura terá consequências positivas e é uma das razões pelas quais estimamos que o crescimento português este ano seja bastante elevado", conclui, nesta entrevista à Lusa e outros meios europeus em Bruxelas.

A Comissão Europeia reviu em alta de 0,7 pontos percentuais o crescimento do PIB português para este ano, para 6,5%, colocando o país como o que regista a maior expansão, segundo as previsões macroeconómicas hoje divulgadas.

Contudo, no documento, a Comissão Europeia assinala que os riscos para as perspetivas de crescimento português permanecem descendentes, como resultado da guerra na Ucrânia "e, mais recentemente, no contexto das crescentes preocupações com a falta de pessoal no setor da aviação, que poderá ter repercussões nas visitas de turistas estrangeiros a Portugal".

A covid-19 causou uma contração histórica na indústria aeronáutica europeia, que está agora a recuperar apesar do impacto da guerra da Ucrânia na procura.

Depois de as companhias aéreas e os aeroportos terem dispensado milhares de trabalhadores devido à pandemia, a retoma inesperada este verão tem gerado um pouco por toda a Europa situações como tempos de espera acima do normal, cancelamentos e adiamentos de voos, problemas na manutenção, entre outros.

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