Restos mortais do poeta Pablo Neruda vão ser analisados
O sobrinho do poeta, Rodolfo Reyes, informou hoje que o juiz Mario Carroza, responsável pela investigação, autorizou em 17 de junho o envio de uma parte dos restos mortais de Neruda para que sejam analisados na universidade de Múrcia. A investigação destina-se a apurar se Neruda morreu de cancro, ou se poderá ter sido envenenado por agentes da ditadura militar.
Os trabalhos vão ser dirigidos pelo especialista espanhol em tanatologia Aureliano Luna, que participou em 8 de abril na exumação dos restos do poeta na zona costeira chilena de Isla Negra.
As autoridades pretendem determinar se Neruda faleceu de cancro na próstata em 1973, como sustenta a versão oficial, ou se foi envenenado, como assegura o seu antigo motorista, Manuel Araya.
O autor de "Vinte poemas de amor e uma canção desesperada" morreu em 23 de setembro de 1973 numa clínica privada de Santiago, 12 dias após o golpe de Estado militar liderado por Augusto Pinochet, e nas vésperas de uma viagem que o deveria conduzir ao exílio no México.
Nesse centro médico também morreu o ex-presidente democrata-cristão Eduardo Frei Montalva. O seu falecimento foi inicialmente atribuído a um "choque sético" após uma operação a uma hérnia do hiato, mas em 2009 uma investigação judicial determinou como causa da morte "homicídio provocado por envenenamento".
Alguns restos mortais de Neruda já foram enviados em abril para um laboratório da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e submetidos a testes toxicológicos.
"É necessária a colaboração dos países que tenham tecnologia de ponta", afirmou Reyes, que considerou as análises que vão ser efetuadas em Espanha um passo "muito transcendente" na investigação.
Até ao momento, os exames efetuados nos restos do poeta permitiram confirmar que Neruda sofria de um cancro da próstata em estado avançado.
A investigação judicial foi iniciada em 2011, na sequência de uma diligência emitida pelo Partido Comunista, ao qual pertencia Neruda, para investigar as causas do falecimento do poeta.
Pablo Neruda está sepultado junto à sua terceira mulher, Matilde Urrutia, no pátio da sua casa museu em Isla Negra, uma localidade do litoral central do Chile, a 129 quilómetros de Santiago.