Restauro de torre do século IX é um "desastre" e um "remendo"

Peritos em património e habitantes locais estão indignados com as obras efetuadas.
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O restauro da torre do castelo de Matrera, em Villamartín, Cádiz, Espanha, está a ser comparado ao restauro do Ecce Homo, efetuado por uma senhora de 81 anos, no Santuário de Nossa Senhora Misericórdia de Borja, também em Espanha. Peritos em património e habitantes locais consideram que as obras, que deveriam ser de restauro e consolidação, foram um "desastre" arquitetónico.

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"Não chamaram os restauradores... Chamaram os pedreiros", diz o Andaluces em título. "O desastre do Castelo de Matrera converte-se no novo Ecce Homo", escreve o La Vanguardia. "Fizeram asneira", lê-se (numa tradução politicamente correta) no La Sexta.

Construído no século IX, o castelo árabe de Matrera está nas mãos de privados, que decidiram fazer obras de consolidação na torre, cuja grande parte ruíra em 2013 devido às fortes chuvas. Para isso, contrataram o arquiteto Carlos Quevedo Rojas, que afirmou ao canal de televisão La Sexta que o objetivo da obra foi evitar que o pouco que restava do monumento ruísse e mantê-lo o mais parecido com o original.

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Ao britânico The Guardian, o arquiteto acrescenta que pretendia diferenciar os novos elementos da estrutura original e assim evitar a reconstrução por imitação, que está proibida por lei.

Carlos Quevedo Rojas acrescenta que "as opiniões são sempre bem vindas e as críticas construtivas e o debate sempre enriquecedores". "Mas acho que alguma informação básica e precisa poderia evitar algum do preconceito que advém de uma simples imagem", diz ainda.

Considerada Bem de Interesse Cultural em 1985, a torre estava na lista negra da associação Hispania Nostra, que agora se junta ao coro de críticas, considerando o restauro "lamentável".

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