Repressão no Irão faz mais de cem mortos

A ONG diz que o número real de vítimas mortais pode ser muito maior, com alguns relatórios a indicar até 200 mortos na sequência da revolta pelo aumento do preço dos combustíveis.
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Pelo menos 106 manifestantes foram mortos em 21 cidades no Irão durante os distúrbios que eclodiram devido ao aumento dos preços dos combustíveis na semana passada, disse a Amnistia Internacional na terça-feira.

"Imagens de vídeo verificadas, depoimentos de testemunhas de pessoas no terreno e informações recolhidas por ativistas de direitos humanos fora do Irão revelam um padrão assustador de mortes ilegais pelas forças de segurança iranianas, que têm usado força excessiva e letal para esmagar protestos em grande parte pacíficos em mais de 100 cidades no Irão, desencadeados por um aumento nos preços dos combustíveis em 15 de Novembro", informou em comunicado a Amnistia Internacional.

Os manifestantes bloquearam estradas com os automóveis como forma de protesto, tendo nalguns casos a polícia de intervenção partido janelas das viaturas com os condutores lá dentro.

De acordo com relatos de testemunhas oculares, franco-atiradores dispararam contra multidões a partir de telhados e, num caso, de um helicóptero.

Embora a maioria das manifestações tenha sido pacífica, em alguns casos, à medida que a repressão das forças de segurança se intensificou, alguns manifestantes ripostaram com pedras e incêndios a edifícios, como agências bancárias, esquadras de polícia e seminários.

Vários protestos e manifestações contra o aumento do preço da gasolina começaram na noite de sexta-feira no Irão. O regime teocrático, que luta contra uma grave crise económica, anunciou naquele dia o aumento em pelo menos 50% o preço da gasolina.

O regime cortou o acesso à internet no domingo de forma a tentar restringir a comunicação entre manifestantes bem como a divulgação das imagens da violência policial. "Não querem que o mundo veja o que está a acontecer ao país", disse Ali, cidadão de Jorramshahr, à agência EFE.

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