Relações entre a Europa e Marrocos nos Jerónimos

Parte do espólio de uma coleção privada que testemunha as etapas da convivência entre os europeus que chegaram à costa marroquina, a começar pelos portugueses, pode ser vista em Lisboa, de amanhã a 15 de outubro.
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Um militar português perscruta de binóculo a costa marroquina no século XV, num tempo "de guerras e conquistas", em que europeus e populações da região "se olhavam como inimigas e viviam de costas voltadas". Um desconhecimento revelado pelas "representações do outro como bárbaro", afirma Paul Dahan, psicanalista e proprietário dos objetos, gravuras, manuscritos que integram a exposição O Marrocos & a Europa - Seis Séculos sob o Olhar do Outro que se inaugura hoje no Mosteiro dos Jerónimos, iniciativa que conta com o patrocínio da Embaixada de Marrocos em Portugal. Um período que se encerra com a batalha de Alcácer Quibir, em 1578, a partir da qual se circunscreve a influência portuguesa. Uma presença que só terminará no século XVIII com o abandono da praça-forte de Mazagão, de que se mostra uma gravura da sua enorme cisterna manuelina.

O objetivo de O Marrocos & a Europa extravasa o mero registo histórico e cronológico. Pretende, a partir da difícil aprendizagem entre europeus e as populações do Norte de África, mostrar que "quando se trocam conhecimentos com os outros, as relações entre as nações mudam também". "Aqui não se mostra ouro, coisas bonitas, a exposição pretende ser pedagógica, colocar o público a pensar, a interrogar-se" sobre outras culturas e outras épocas, considera Dahan.

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