Reaberta classificação de edifício neo-árabe
Publicado hoje em Diário da República (DR), o despacho do atual diretor do Igespar, Elísio Summavielle, contraria a decisão de arquivamento tomada há menos de um ano pelo mesmo organismo relativamente a esse edifício da rua José Falcão.
A decisão é fundamentada com "o valor arquitetónico, artístico e patrimonial do imóvel", um "exemplar notável da arquitetura revivalista neo-árabe de início do século XX", justifica o anúncio de hoje do DR.
Num despacho de 10 de outubro de 2011, publicado em DR a 25 do mesmo mês, o então diretor do Igespar, Luís Filipe Coelho, determinou "o arquivamento" do processo de classificação do imóvel "em vias de proteção" desde 1999, no âmbito da classificação da Fábrica das Devesas de Gaia, lê-se na página daquele organismo.
A deliberação "teve por fundamento" o facto de a Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura "não considerar que o imóvel apresente caraterísticas suscetíveis de argumentar uma classificação de âmbito nacional", justifica-se.
Com a reabertura do processo, tanto o edifício como os imóveis vizinhos ficam sujeitos ao regime de proteção previsto para o património já classificado, devendo todas as intervenções ser submetidas à apreciação do Igespar.
"A partir da publicação deste anúncio, o Depósito de Materiais da Fábrica das Devesas no Porto fica em vias de classificação", escreve o Igespar no DR de hoje, alertando para a proteção a que ficam sujeitos "o imóvel em vias de classificação e os bens imóveis localizados na zona geral de proteção (50 metros contados a partir dos seus limites externos)".
Construído na rua José Falcão em 1899, o "Depósito de Materiais" integrava o complexo industrial das Devesas, sediado em Gaia.
Com risco neo-árabe, os elementos decorativos da fachada principal do imóvel "têm sido atribuídos" ao "mestre escultor da fábrica e magnífico executante de pintura sobre azulejo", José Joaquim Teixeira Lopes, escreve-se no arquivo da página do Igespar.
Trata-se de edifício "muito ao gosto da época, especialmente emergido nas denominadas 'zonas novas' da cidade", enquadrado "na corrente revivalista então registada na arquitetura", que teve no Salão Árabe do Palácio da Bolsa "um dos expoentes da sua expressão no Porto", acrescenta-se.
O edifício foi concebido "para depósito e exposição" dos produtos da fábrica no Porto e os seus "alçados exteriores funcionariam como mostruário das peças produzidas" em Gaia, revela-se na página do Igespar.