Ranking dos percursos diretos de sucesso: escola a escola
O ranking do sucesso mostra uma espécie de cambalhota em relação à lista geral. Quando se avaliam as escolas que mais fazem progredir os seus alunos, são as públicas que dominam os primeiros lugares: há dez escolas do Estado no top 15 dos chamados percursos diretos de sucesso. Uma lista, ainda assim, liderada por um colégio com contrato de associação, o de São MIguel, em Fátima (41º no ranking geral).
Outra diferença em relação à tabela geral é o pluralismo geográfico. Neste caso, o peso dos colégios de Lisboa e Porto dá lugar à diversidade regional, com escolas de Santarém, Leiria, Viana do Castelo, Évora, Coimbra e Viseu a ocuparem posições de destaque. Como prova desta descentralização, a primeira escola da capital neste ranking do sucesso surge apenas no 15º lugar - o Instituto de Ciências Educativas, de Odivelas.
Se olharmos para os resultados deste ano, a segunda colocada do ranking do sucesso escolar, a Básica e Secundária de Felgueiras, aparece apenas em 157º lugar no ranking geral das notas dos exames. No final desta tabela está um colégio privado, o Instituto Vaz Serra, da Sertã, que no geral está 25 lugares acima do fundo da tabela.
Há três anos, quando apresentou esta nova ferramenta, o secretário de Estado da Educação já antecipava um mapa "completamente diferente e muito mais variado" do que acontece quando se geram rankings com base nos exames nacionais. E mais "justo", "robusto" e "consistente" do que o ranking geral das notas, defende o governo. Isto porque analisa a percentagem de alunos que conseguiram acabar o secundário sem qualquer chumbo e com notas positivas nos dois exames das disciplinas que são trienais (que, consoante os cursos, podem ser português e matemática, português e história ou português e desenho). Em vez de comparar a totalidade dos alunos de uma escola com a totalidade dos alunos de outra, esta ferramenta compara estudantes com características semelhantes e que partem do mesmo ponto, valorizando depois a sua evolução.
"Este indicador não premeia a retenção e ao mesmo tempo não premeia a seleção de alunos, porque estamos a comparar alunos comparáveis. Uma escola que recebe alunos de nível dez e os leva a 17 é uma escola muito melhor do que uma que recebe alunos de 15 e os leva a 17, porque o resultado daquela escola é muito mais rico", exemplificou em 2016 João Costa, defendendo que "comparar apenas médias é muito pobre".
Três anos depois, o Ministério da Educação continua a dar preferência à análise dos percursos de sucesso principais, em comparação com os tradicionais rankings dos exames. Isto porque "leva em conta o nível dos alunos que a escola recebe à entrada do Secundário, logo é mais justo para a escola e não incentiva a seleção de alunos; ao valorizar o sucesso durante todo o percurso no Secundário, não premeia a retenção; combina as avaliações interna e externa, pelo que é bastante robusto; ao considerar os resultados agregados dos últimos três anos, valoriza também a consistência de resultados na escola, e não os desvios fortuitos que podem surgir nos resultados anuais".