Quando elas adormecem e acordam com uma maquilhagem definitiva

E se lhe dissessem que pode fazer uma maquilhagem que perdura ao longo do tempo? É verdade
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Ver a cor dos lábios desaparecer ou as sobrancelhas perderem densidade pode ser angustiante. Mas há solução. Para corrigir imperfeições ou para realçar a beleza sem perder muito tempo, cada vez mais mulheres têm vindo a recorrer à dermopigmentação, também conhecida como maquilhagem permanente. Permite criar sardas ou sinais, mas a maioria das mulheres procura corrigir sobrancelhas e dar cor aos lábios e aos olhos.

Aos 78 anos, Maria Cândida recebeu um tratamento de dermopigmentação nas sobrancelhas como prenda de aniversário das filhas. "Tenho pelos muito finos e todos os dias tinha o cuidado de usar o lápis. Isto é muito mais prático", diz ao DN, minutos depois de acabar o tratamento no salão Excentrikus, em Setúbal. Já Virgínia Ferreira, 65 anos, natural de Ponta Delgada, recorreu ao mesmo método há sete anos, devido a problemas hormonais que a fazem perder pelos nas sobrancelhas. "Sinto-me muito bem. É algo que altera completamente o rosto da pessoa. E quem não sabe julga que é natural", conta.

Sempre que vem ao continente, Virgínia dirige-se à clínica Dermofil, em Lisboa, para retocar a cor. Só confia nas mãos de Filomena Bernardo, técnica que há 19 anos se dedica à dermopigmentação. "Há dez anos a procura começou a ser maior e nos últimos cinco cresceu ainda mais. As sobrancelhas - a alma do rosto - são o mais procurado. Depois os lábios e o eyeliner", afirma a especialista. Por um lado, a técnica é cada vez mais conhecida. "Por outro, a forma de trabalhar, os produtos e as tintas também evoluíram bastante. E a perfeição que se consegue hoje não era possível há 20 anos."

Em Aveiro, Natália Matos, do centro de estética Epilaveiro, também sente que há cada vez mais pessoas interessadas na maquilhagem permanente. "Inicialmente eram, sobretudo, as pessoas mais velhas a fazer sobrancelhas, porque, quando eram jovens, usavam-nas muito finas e foram perdendo espessura. Mas muitas acabaram também por fazer lábios. E há dois anos que se nota um interesse acrescido pelo eyeliner e em faixas etárias mais jovens", explica. O impacto não será maior, indica, devido ao preço da técnica que, regra geral, varia entre 150 e 200 euros. "Trata-se de um processo de implementação de pigmentos na camada derme. É um procedimento semelhante ao da maquilhagem, mas a profundidade é menor e o pigmento é orgânico", refere Natália Matos.

Há quem procure corrigir defeitos ou apenas sentir-se bonita durante todo o dia, sem precisar de retocar a maquilhagem. Uma vantagem para quem, por exemplo, pratica desporto. "Vou para o ginásio e não me preocupo. E é ótimo ir almoçar a um restaurante, limpar a boca e não ficar sem bâton", exemplifica Ana Paula, 58 anos, que começou por dar definição às sobrancelhas - que eram muito finas - e acabou por dar também cor aos lábios. "Tenho muitas vezes herpes, o que me estava a fazer perder definição nos lábios. Com a dermopigmentação ganhei contorno e cor. Acordo maquilhada e com um ar saudável, sem exageros."

Cada vez mais esteticistas a usar

Há 11 anos, Lisbeth Chavez, agora com 36, fez o contorno dos lábios com uma "mistura de cores". "Era algo que me dava algum trabalho e agora é um passo na maquilhagem que não tenho de fazer", justifica. Não tem receio de se cansar. "Como nas tatuagens, tenho muita consciência do que estou a fazer." Pela expressividade que dá ao olhar, o eyeliner é também cada vez mais procurado. Elsa, 45 anos, tentava fazer com o lápis, mas o risco nunca saía perfeito. Há três meses recorreu ao método permanente na Epilaveiro. "Comecei por fazer em cima e passei para baixo. Só preciso de lavar a cara e já me sinto arranjada. Por vezes ainda uso base e rímel."

Berenicy Araújo trocou o Brasil por Portugal em 2001 e trabalha, há seis anos, na área da maquilhagem permanente. "Fazia design de sobrancelhas e apercebi-me de que esta era uma área na qual existia necessidade de profissionais. Vi uma oportunidade de negócio", conta ao DN a técnica do Excentrikus. Considera que ainda há algum receio em relação ao método, mas é cada vez menos. "Apesar do desgaste e da necessidade de retoques, não deixa de ser definitivo", sublinha. Na Rússia, adianta, até recorrerem à técnica para aplicar blush e iluminador.

Tal como Berenicy, cada vez há mais esteticistas e outras profissionais que se dedicam à técnica em Portugal. Filomena Bernardo, que também é formadora, refere que "há cada vez mais oferta, mas também existem muitas más práticas. Se for mal realizada, é um pesadelo. Vejo muitas situações complicadas. Em termos de higiene e segurança, acho que devia existir maior controlo", sugere.

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