Quando a guerra se tornou ilegal
"A guerra fora da lei." Era assim que se apresentava no DN, neste dia 29 de 1928, "o mais notável acontecimento dos últimos tempos": a assinatura do pacto de Kellogg (batizado com o nome do Secretário de Estado dos Estados Unidos Frank B. Kellogg), dois dias antes.
Assinado quando se cumpria uma década do fim da I Guerra Mundial - por representantes da Austrália, Bélgica, Canadá, Checoslováquia, França, Alemanha, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Nova Zelândia, Polónia, África do Sul e Reino Unido e aberto em seguida a outros países, incluindo Portugal -, o também chamado Pacto de Paris consistia num tratado internacional que determinava "a renúncia à guerra como instrumento de política nacional". E apesar de não ter conseguido acabar com a guerra, conforme se propunha, esse acordo veio a ser fundamental para o desenvolvimento do Direito Internacional.
Dois dias depois da sua criação, o DN noticiava com grande destaque que o governo português fora convidado a assinar o tratado, "cujo texto lhe foi entregue pelo sr. ministro dos Estados Unidos". Reproduzia-se então o ofício que chegara ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, António Maria de Bettencourt Rodrigues, sobre o "tratado de Abolição da Guerra", para concluir que a adesão de Portugal iria ser posteriormente apreciada em conselho de ministros.
Numa notícia curta, nesta mesma edição, contava-se de como os tempos modernos chegavam ao Vaticano. "Está lá? É do Vaticano?", titulava o DN, para em seguida relatar que, depois de o cinema se instalar nos jardins de S. Pedro, era agora "a campainha do telefone a retinir nos gabinetes do velho palácio dos Papas". "Modernismo? Não. As exigências da vida, unicamente", concluía-se.