PSD ficaria mais bem entregue a Rui Rio do que a Passos Coelho

Uma maioria clara considera que o PSD só teria a ganhar com uma nova liderança protagonizada pelo antigo autarca do Porto
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Duas semanas depois de Rui Rio ter afirmado, em entrevista ao DN e à TSF que "poderá" ser ele a afirmar-se como alternativa à atual liderança se o partido "não descolar" até às autárquicas, este estudo do CESOP da Católica para o DN, JN, RTP e Antena 1 vem demonstrar que existe apoio claro a Rui Rio entre os inquiridos.

Para 42% dos entrevistados, o PSD ficaria melhor ou muito melhor se tivesse a liderança entregue a Rui Rio em vez de Pedro Passos Coelho. É uma maioria clara de opiniões favoráveis ao ex-autarca, um nome que tem sido insistentemente apontado como alternativa de liderança para o PSD. 33% afirmam que o partido ficaria "melhor", enquanto 9% arriscam mesmo dizer que os social-democratas ficariam "muito melhor" entregues à liderança de Rui Rio. A soma dá 42% e pode ser vista como uma medida para avaliar o desgaste da imagem do atual presidente do PSD. O estudo não decompõe estes resultados por preferência partidária, mas o CESOP da Católica, contactado pelo DN, garante que não há um desvio significativo nestes resultados quando se olha, em exclusivo, para as preferências dos "eleitores" do PSD.

Ainda nesta questão acerca da liderança do PSD, há um outro número revelador - 29% dos entrevistados dizem que nada mudaria no partido se a liderança trocasse de mãos, enquanto apenas 11% consideram que o PSD ficaria pior ou muito pior se trocasse o anterior primeiro-ministro por Rui Rio. 18% dos inquiridos alegaram não saber ou não quiseram responder.

2017 é ano de eleições autárquicas e de revisitar um tema recorrente - sendo umas eleições para escolha de executivos locais, têm ou não capacidade para influenciar o governo e os partidos a nível nacional? Tem sido prática comum, em todos os partidos e em todas as lideranças, a tentativa de isolar os resultados das autárquicas evitando leituras nacionais. Mas é igualmente verdade que resultados eleitorais menos simpáticos em eleições para o poder local já levaram a algumas mudanças de rumo, e foram mesmo responsáveis pela demissão de um primeiro-ministro - o "pântano político" de António Guterres em dezembro de 2001.

Ora, questionados sobre se as próximas eleições autárquicas poderão ser mais prejudiciais para a estabilidade do governo ou para a liderança de Passos Coelho no PSD, 52% dos inquiridos não têm dúvidas em afirmar que as eleições de 2017 têm maior potencial para causar danos na atual direção do PSD, enquanto apenas 20% antecipam problemas de estabilidade para o governo de António Costa na sequência das autárquicas. A esta questão, 27% dos entrevistados optaram por dizer que "não sabe" ou recusaram simplesmente responder.

FICHA TÉCNICA: Esta sondagem foi realizada pelo CESOP - Universidade Católica Portuguesa para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias nos dias 19 a 22 de novembro de 2016. O universo-alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal continental. Foram selecionadas aleatoriamente 18 freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A seleção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 977 inquéritos válidos, sendo 57% dos inquiridos do sexo feminino, 34% da região Norte, 23% do Centro, 29% de Lisboa, 6% do Alentejo e 8% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral e das estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 70%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 977 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.

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