Protestos: um baleado e boicote à New Balance com ténis queimados

Manifestações nas ruas dos EUA contra o presidente eleito Donald Trump não dão sinais de abrandar e ontem entraram no quarto dia consecutivo
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Os protestos contra a eleição de Donald Trump para a Casa Branca não dão sinais de abrandar. Para ontem à noite estavam marcadas mais manifestações em várias cidades dos EUA, como Nova Iorque, Los Angeles e Chicago. Na véspera, em Portland, no estado do Oregon, um manifestante foi baleado quando participava numa marcha sobre a ponte Morrison. A polícia, citada pela Reuters, esperava que o manifestante conseguisse sobreviver aos ferimentos, mas à hora do fecho desta edição o autor do disparo continuava ainda em fuga. "O suspeito saiu do seu veículo e disparou vários tiros, acabando por fazer uma vítima", disse a polícia em comunicado. Em seguida apelou, através do Twitter, a todos os manifestantes que se retirassem do local por motivos de segurança.

"Temos de unir-nos apesar das diferenças para impedir que ódio governe este país", escreveram no Facebook os organizadores de uma manifestação em Nova Iorque. O objetivo era marchar até à conhecida Trump Tower. "É a nossa vez de, como movimento, nos unirmos para lutar contra Donald Trump e o que ele quer fazer deste país", escreveram, na mesma rede social, os organizadores de um protesto ontem em Los Angeles. Apesar do episódio de Portland, as manifestações têm decorrido, regra geral, de uma forma pacífica.

Porém, escrevia ontem o El País, teme-se um aumento do racismo com a chegada ao poder de Trump. O jornal espanhol, de esquerda, lembrava ontem que o ex-líder do movimento racista branco Ku Klux Klan, David Duke, escreveu na sua conta na rede social Twitter: "Não se enganem: a nossa gente teve um papel na eleição de Trump". Duke disse mesmo que este era um dos "momentos mais emocionantes" de toda a sua vida. Numa entrevista ao El País, há um mês, o ex-líder do KKK definiu-se como "a figura mais reconhecida na preservação das pessoas brancas no mundo".

Mas não é só nos protestos de rua que a fúria contra o presidente eleito está patente. Muitos americanos começaram a queimar, a colocar no lixo ou a devolver às lojas pares de ténis da marca New Balance como forma de protesto pelo apoio manifestado pela marca de desporto ao republicano.

"A Administração Obama fez-nos ouvidos de mercador e, francamente, com o presidente eleito Trump sentimos que as coisas vão avançar na direção certa". Foi esta a declaração de um dos responsáveis de relações públicas da empresa, Matt LeBretton, que provocou a revolta de muitos americanos. A citação foi publicada no Twitter pela jornalista do Wall Street Journal Sara Germano.

A empresa tentou depois explicar as declarações e disse que LeBretton estava a referir-se à Parceria TransPacífico (TPP, na sigla em inglês), defendida por Barack Obama e que falta aprovar. Segundo a New Balance, este acordo prejudica as empresas que dependem da mão-de-obra americana e beneficia aquelas cujos produtos são feitos em fábricas fora do país. Trump tem assumido posição contrária ao TPP e pode não aprová-la.

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