Primeiro centro de investigação e tratamento de cancro do pâncreas vai nascer em Lisboa

É o primeiro centro do género no mundo que abre portas dentro de dois anos. Um projeto da Fundação Champalimaud em colaboração com Mauricio e Charlotte Botton que investem 50 milhões de euros
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Vai chamar-se "Botton-Champalimaud Pancreatic Center" e será o primeiro do mundo a dedicar-se simultaneamente à investigação científica e ao tratamento do cancro pancreático, um dos que tem atualmente menor taxa de sucesso em termos de terapia.

Para criar o centro, que será construído num terreno junto à fundação e deverá iniciar atividade a 5 de outubro de 2020, dez anos depois da abertura do "Centro Champalimaud para o Desconhecido", a Fundação Champalimaud une esforços com Mauricio e Charlotte Boton. Estes contribuem com 50 milhões de euros para a contrução do centro, no que é "a primeira vez que uma família estrangeira confia a uma instituição filantrópica portuguesa" este tipo de responsabilidade, assinala a fundação Champalimaud.

Mauricio Botton Carasso é neto da Isaac carasso, fundador, em 1919, da Danone, que ao longo do século XX se transformou numa das maiores empresas no setor. Maurício Botton foi responsável pela investigação e desenvolvimento dos novos produtos da Danone.

O cancro do pâncreas tem hoje uma taxa de sucesso muito menor do que a das doenças cardiovasculares, por exemplo, e a expectativa de vida de um doente é hoje igual à que era em 1970. Daí a necessidade de uma aposta na investigação nesta área, que era já uma ideia na Fundação Champalimaud.

Em geral, os casos de cancro e de mortes por tumores malignos estão a aumentar em Portugal. Cerca de 300 por cada 100 mil habitantes morreram de cancro em 2016, sendo os homens os mais afetados, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Desde 1960 - ano em que o cancro representou 9,6% da mortalidade no país - que os números não param de subir. Já em 2016, ano das últimas estatísticas, dos 110 970 óbitos registados, 27 357 ocorreram devido a tumores malignos - o que corresponde a 24,7% da totalidade.

Foi em 2016 a segunda maior causa de mortes em Portugal, a seguir às doenças do aparelho respiratório. Em abril deste ano, o oncologista Miguel Barbosa alertava para a possibilidade de até 2030 se registarem mais "60 mil novos casos de cancro, com a mesma mortalidade".

O tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão foram os que registaram mais mortes, com 4 085 óbitos. Seguem-se o cancro do cólon, reto e ânus, com 3 909 mortes, e tumor maligno do estômago, com 2 197.

O sexo masculino foi o mais afetado, com uma relação de 147,5 óbitos por cada 100 mulheres.

A idade média das mortes registadas nos homens situa-se no 72,4 anos, sendo mais elevada para o sexo feminino, nos 74,2 anos.

No panorama europeu, Portugal registou valores ligeiramente inferiores à média da União Europeia, com uma percentagem de óbitos por tumores malignos de 25,4%.

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