Presidente Fundo Estabilização: Existem razões para nervosismo com Portugal

O presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), Klaus Regling, afirmou hoje que existem razões para nervosismo da Comissão Europeia em relação a Portugal, devido à situação política no país.
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Em entrevista publicada hoje no jornal alemão Handelsblatt, Klaus Regling sublinha as dificuldades da aprovação de medidas drásticas mesmo com um governo completamente operacional e com uma forte maioria parlamentar.

"De facto, existem razões para nervosismo. Mesmo um governo completamente operacional com uma forte maioria parlamentar teria problemas em aprovar um programa de reformas tão drástico. Já tive essa experiência várias vezes no Fundo Monetário Internacional e em Portugal é ainda mais difícil porque o Governo está apenas em gestão e em breve vai haver eleições", respondeu, quando questionado se existiriam razões para nervosismo da parte da CE relativamente a Portugal.

No entanto, Klaus Regling diz que as negociações em Lisboa estão a correr bem e que as conclusões deverão chegar antes da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, marcada para 16 de Maio, relembrando que o FEEF necessita de duas semanas para mobilizar o capital necessário para a primeira parte do empréstimo e que Portugal tem de amortizar um empréstimo elevado até 15 de Junho.

Questionado sobre a capacidade do FEEF para financiar Irlanda, Portugal e possivelmente a Espanha, o responsável diz que o fundo não deve necessitar mais de 50 mil milhões de euros para financiar Irlanda e Portugal (sendo que 17,5 mil milhões de euros são para a Irlanda).

Quanto a Espanha, diz que não espera que o país venha a recorrer a apoio externo, e considera que o executivo tem conseguido reduzir o défice e reformar a economia, alertando no entanto para os custos para reestruturar o sistema financeiro espanhol "ainda estão em aberto", apontado as diferentes expectativas relativamente ao dinheiro necessário para o fazer.

"O governo espanhol está a diminuir o défice e a reformar a economia, no entanto os custos do saneamento do setor bancário ainda estão em aberto. O executivo espanhol estima em 20 mil milhões de euros, mas no mercado as avaliações vão até aos 100 mil milhões de euros", afirmou.

Numa entrevista também publicada hoje pelo jornal francês Les Echos, o responsável garantia que a ajuda a Portugal não será chumbada e que cerca de 10 por cento do empréstimo deve servir para financiar a banca, à semelhança do que aconteceu na Grécia.

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