Portugueses foram mais ao super no 2º confinamento, mas gastaram menos
Ano novo, novo confinamento. No super os portugueses foram mais vezes à loja, mas as cestas são menores em produtos e valor do que em relação ao primeiro confinamento: um recuo de 13,5% cada, indica o estudo O primeiro confinamento - o que mudou?, realizado pela Kantar para Centromarca. Marcas dos super pesam quase 39% do total gasto em bens de grande consumo durante os confinamentos. Nos dois primeiros meses do ano quase dois em cada dez lares fizeram uma compra online de bens de grande consumo.
O dia de maior afluência às lojas foi após a comunicação do plano de desconfinamento. Tendo os consumidores alterado os seus hábitos de consumo neste novo confinamento: fizeram, em média, quase mais três cestas de compra do que no primeiro, mas com menor valor e tamanho, com as cestas a valerem menos 13,5% cada. "Este comportamento contrasta com o verificado no primeiro confinamento, em que os consumidores reduziram o número de cestas, mas estas eram maiores em tamanho e a cada visita", refere o estudo.
"O número médio de compradores aumentou gradualmente conforme a evolução dos casos diários, ou seja, a diminuição do número de casos levou a mais idas às compras por produtos de grande consumo. A maior afluência e presença nas lojas poderá estar relacionada com uma maior experiência e capacidade em lidar com a pandemia e as medidas impostas", Marta Santos, manufacturers sector director da Kantar, citada em nota de imprensa.
A opção por produtos de marca de distribuição também se evidenciou durante os confinamentos, com as marcas dos super a pesarem cerca de 39% do total gasto em bens de grande consumo durante esses períodos.
"A preocupação na escolha das marcas dever-se-á a uma adaptação do orçamento familiar, por força dos sinais da crise económica gerada pela pandemia", explica Marta Santos.
O online no retalho alimentar ganhou força com a pandemia, tendo os canais tradicionais ganho terreno face aos hiper e supermercado. O digital cresceu sobretudo por via de novos compradores. Nos dois primeiros meses do ano, quase dois em cada dez lares portugueses fizeram uma compra online em bens de grande consumo: mais 148 mil lares escolheram este canal face ao primeiro confinamento.
"O segundo confinamento acabou por ser a confirmação de que o online é um canal viável para uma compra segura e prática, resultando no crescimento significativo de compra de produtos frescos, por norma adquiridos na loja física. Pode concluir-se que o canal online é cada vez mais relevante na distribuição em Portugal e está a entrar na rotina dos portugueses, com cada vez mais lares a realizar este tipo de compra, optando por categorias não só de stockagem, mas também de rotina", refere Marta Santos.
Na próxima segunda-feira, dia 19, assiste-se a uma nova fase de reabertura da economia. "A maturidade dos portugueses deveria motivar o Governo a "desconfinar" também algumas legislações aprovadas ao abrigo dos vários estados de emergência que continuam a afetar administrativa e artificialmente o mercado", diz Pedro Pimentel.
"Essas medidas terão feito algum sentido em dado momento, face à escassez da oferta, à excessiva procura ou os riscos de saúde pública associados, evitando a desregulação do mercado e comportamentos especulativos ou de risco agravado, mas meses passados, com a normalidade, a esse nível progressivamente restabelecida, deixa de fazer sentido manter em vigor essas medidas", afirma o diretor-geral da Centromarca.