Portugal com mais de 40 mortos no segundo dia com mais recuperados

Foram registados mais 2596 infetados nas últimas 24 horas. A região norte continua a ter mais casos. Isto num dia em que foram dados como recuperadas 3295 pessoas.
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Portugal registou esta terça-feira mais 45 mortos por covid-19, menos um do que o máximo diário registado ontem. Quanto a novos casos, foram 2596 casos nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Este é o segundo dia com mais óbitos desde o início da pandemia, embora tenham baixado significativamente o número de novos casos diários que no final da semana passada ultrapassaram os quatro mil, sendo que na sexta-feira atingiram o máximo de sempre em Portugal, com 4656 novos infetados.

De acordo com os dados da DGS há mais 94 novos doentes internados, atingindo agora um total de 2349, dos quais 320 estão nas unidades de cuidados intensivos, o que representa um aumento de 26 novos internamentos em relação ao dia anterior.

Um dos grandes destaques do boletim epidemiológico desta terça-feira prende-se com o significativo aumento de doentes que recuperaram da covid-19, que foram mais 3295 do que ontem, totalizando 86 589 desde o início da pandemia.

Aliás, desde o início da pandemia este é o segundo dia com mais casos de doentes recuperados, apenas superado pelos números registados no dia 24 de maio, dia em que foram comunicadas 17 549 altas médicas, quase mais dez mil que o dia anterior, algo que na altura foi explicado com o facto de a DGS ter realizado uma alteração na metodologia no registo de dados, pelo que houve uma atualização dos números. Assim sendo, os 3295 casos de recuperação que constam no boletim de hoje pode mesmo ser considerado um recorde absoluto em Portugal.

Há ainda menos 781 casos de contactos em vigilância em relação às 24 horas anteriores, totalizando agora 65 647 pessoas que se encontram a ser monitorizadas pelas autoridades de saúde.

No que diz respeito a regiões, o norte continua a ser a de maior incidência da pandemia, registando-se mais 1547 novos casos e mais 21 mortes nas últimas 24 horas. Ligeiramente abaixo surge a região de Lisboa e Vale do Tejo, que somam 626 novos casos e mais 18 óbitos.

A região centro registou mais cinco mortos e 292 novas infeções, enquanto no Alentejo verificou-se mais um óbito por covid-19 num dia em que teve 57 novas infeções.

Enquanto isso, Algarve, Madeira e Açores não registaram qualquer óbito nas últimas 24 horas, sendo que na região algarvia somaram-se 47 novos contágios.

Refira-se ainda que os 45 óbitos declarados nesta terça-feira, referem-se a pessoas acima dos 60 anos, com maior incidência no grupo etário acima dos 80 anos, num total de 34 mortes.

Segundo o boletim epidemiológico, Portugal ultrapassou hoje novamente os valores máximos de internamentos por covid-19 desde o início da pandemia com o registo de 2.349 doentes internados, 320 dos quais em cuidados intensivos, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Nas últimas 24 horas foram internadas mais 94 pessoas totalizando agora 2.349 internamentos hospitalares. Relativamente aos cuidados intensivos, mais 26 pessoas foram internadas, somando 320, de acordo com a Lusa.

Esta quarta-feira à meia noite entram em vigor um conjunto de medidas restritivas nos 121 concelhos definidos como de elevada incidência de contágios, que foram anunciadas pelo primeiro-ministro António Costa no passado sábado. Entre essas medidas, constam o dever cívico de recolhimento domiciliário e o teletrabalho.

Em entrevista à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que houve erros na gestão da pandemia da covid-19 e disse ser "responsável" por eles: "O Presidente da República é o maior responsável pelos erros". O chefe de Estado empenhou-se em explicar aos portugueses as razões para uma nova declaração de estado de emergência - que será "diferente" da que vigorou em março, abril e maio, e de âmbito mais limitado.

Marcelo admite que esta segunda vaga da pandemia chegou mais cedo do que era esperado e admitiu atrasos na contratação de pessoal médico e dificuldades no rastreamento dos contactos dos infetados - e a evolução que o país fez neste aspeto foi "insuficiente". Também admitiu falhas de comunicação, "confusão" na forma como as regras foram sendo transmitidas e acrescentou que as conferências da Direção-Geral de Saúde, como tudo o que se repete muito, "cansam". "É preciso ir reinventando a comunicação, o que é dificílimo", disse Marcelo, que fez também questão de destacar a "grande consideração" por quem faz as conferências, um "esforço brutal".

Por várias vezes, o Presidente da República respaldou as decisões das autoridades sanitárias e politicas, admitindo erros, mas sublinhando que ao longo destes meses todos os dias apareciam problemas novos: "Quem é que pode planear quando os problemas estavam a surgir todos os dias?"

Admitindo que a segunda vaga da pandemia só era esperada no inverno, mas que "tudo acelerou" entretanto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um aviso: seguindo modelos matemáticos Portugal chegaria ao final do mês de novembro com perto de dez mil casos diários de contágio por covid-19.

"Se seguirmos os modelos puramente matemáticos temos uma possibilidade de duplicação todos os 15 dias", alertou, sublinhando que nesse cenário "estaríamos a falar de 8, 9, 10 mil infetados". O Presidente da República acrescentou que a "progressão matemática não tem batido certo com a realidade clínica" - nomeadamente porque há medidas que travam o contágio - mas advertiu que, com números próximos destes teremos uma pressão "muito séria" sobre o internamento e os cuidados intensivos.

É neste contexto que Marcelo insere o estado de emergência que foi pedido pelo Governo esta segunda-feira, sublinhando que este será mais limitado do que foi em março. Por várias razões, uma das quais a receção pública das medidas - " A sociedade está fatigada". E - outro fator a levar em conta - junta agora às preocupações sanitárias de março a preocupação com a economia e o emprego.

O aumento do conhecimento sobre a doença, bem como da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde foram outros pontos destacados pelo Presidente da República para justificar um estado de emergência de alcance mais limitado do que aconteceu há oito meses.

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