Portugal também chega hoje a Marte

Empresas do Porto e de Coimbra participaram na construção da sonda e do módulo de aterragem que vai descer no planeta
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Quando o módulo de aterragem Schiaparelli da missão europeia ExoMars mergulhar na atmosfera marciana, dentro de poucas horas, a expectativa estará ao rubro no ESOC, o centro de controlo da missão, em Darmsadt, na Alemanha. Mas em Portugal também há quem esteja a torcer para que a missão seja um sucesso. É o caso dos 20 engenheiros e investigadores da empresa tecnológica luso-alemã HPS que desenvolveram e construíram o escudo térmico do Schiaparelli. Se tudo correr bem, como todos esperam, com o Schiaparelli, é Portugal também que hoje chega, pela primeira vez, a Marte.

No átrio do INEGI, no campus da Faculdade de Engenharia do Porto, onde a HPS está instalada, há agora um poster na parede onde se lê a pergunta simples: "Sabem qual é o território mais distante onde Portugal vai chegar?". Celeste Pereira, que dirige a HPS, conta divertida que têm aparecido post-its com sugestões brincalhonas, mas a resposta a sério é esta: Marte, nem mais, nem menos. Esta tarde, além, do poster, há por ali muita agitação, com a equipa toda reunida no local e com o momento crucial da missão, que é transmitida em direto da ESA, a passar num plasma colocado ali para isso mesmo (a transmissão também pode ser seguida aqui, através da Internet).

A expectativa é grande, mas Celeste Pereira está, acima de tudo, confiante. "Só saberemos se tudo correu bem por volta das 16.00 [hora em Portugal], e há ainda um desfasamento de 10 minutos na comunicação entre a sonda e o centro de controlo em terra, mas certamente vai ser um sucesso, porque foi tudo muito testado", diz, segura, a responsável da HPS.

Ali mesmo, no laboratório e centro de produção da empresa tecnológica, no Porto, foi feita uma parte essencial desse trabalho. "Foram muitos cálculos, muitas horas de engenharia, muitos testes, e depois, para a montagem do escudo na sonda, tivemos lá a nossa equipa", lembra Celeste Pereira, explicando que a participação nesta missão da ESA acabou por ser também uma oportunidade de crescimento para a empresa tecnológica. "Neste momento, 40% da nossa atividade são as novas tecnologias e depois desta missão já estamos envolvidos noutras duas missões da ESA, a Euclid [que vai mapear o universo] e a Juice [com destino a Júpiter]."

A HPS não é, no entanto, a única empresa do país que chega hoje a Marte. Em Coimbra, nas instalações da Critical Software, que participou, por seu turno, no desenvolvimento dos sistemas de controlo de bordo da sonda, os olhos também vão estar postos no desfecho da missão. Com muita emoção, certamente, mas com muita confiança também. Como assinala Bruno de Carvalho, um dos seus diretores, na página on line da Critical Software, "estamos muito orgulhosos por integrar este ambicioso projeto espacial europeu, e por contribuir com o nosso trabalho para o sucesso da primeira parte da missão - chegar a Marte, entrar na sua órbita e conseguir pousar a sonda Schiaparelli na sua superfície".

O champanhe já está no gelo, a aguardar. Quando o Schiaparelli enviar os primeiros sinais da superfície de Marte, as rolhas vão saltar. No ESOC, na Alemanha, mas também em Portugal, no Porto e em Coimbra.

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