Portugal está a preparar o envio de mais 160 toneladas de material à Ucrânia, incluindo equipamento militar

Após a sua primeira reunião ao nível da União Europeia, a ministra da Defesa disse que o seu homólogo ucraniano fez "uma avaliação otimista" da situação no terreno. Reforçou, no entanto, a ideia de que a Ucrânia continua a necessitar de apoio, "e apoio de equipamento pesado para fazer face aos desafios que ainda têm".
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Portugal está a preparar o envio de mais 160 toneladas de material para a Ucrânia, incluindo equipamento militar, disse esta terça-feira, em Bruxelas a ministra da Defesa, Helena Carreiras, após um Conselho de Negócios Estrangeiros na vertente de Defesa.

À saída daquela que foi a sua primeira reunião ao nível da União Europeia desde que assumiu a pasta da Defesa, Helena Carreiras apontou que o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, que participou por videoconferência, fez "uma avaliação otimista" da situação no terreno, mas reforçou a ideia de que a Ucrânia continua a necessitar de apoio, "e apoio de equipamento pesado para fazer face aos desafios que ainda têm".

Segundo a ministra, há "a perceção de todos de que há uma guerra que está para continuar" e, da parte de todos os Estados-membros, a ideia de que os 27 devem continuar a fazê-lo, tendo mesmo o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, terminado a reunião "pedindo aos Estados-membros que continuem a apoiar a Ucrânia, porque é preciso sustentar a resistência do povo ucraniano e das forças armadas ucranianas", disse.

Helena Carreiras reiterou que Portugal continuará, assim como os seus aliados, a prestar apoio "na medida das possibilidades", anunciando então o envio, em breve, de mais material, militar e não só.

"Como foi noticiado, mandámos numa primeira fase 170 toneladas, mais ou menos, de material militar letal e não letal, mas também outro tipo de material. Estamos agora a preparar um novo envio de mais 160 toneladas de material, e gostaria de destacar a diversidade dos nossos apoios", afirmou.

A ministra salientou que "não se trata apenas de equipamento militar, trata-se também de apoio médico e sanitário e humanitário", tendo também Portugal já manifestado "disponibilidade para receber feridos ucranianos" -- o que ainda não sucedeu -, além do acolhimento de refugiados ucranianos.

"Há, portanto, aqui uma grande variedade de apoios, sendo que falámos nesta reunião também da continuidade de apoio relacionado com treino, por exemplo, ou desminagem, numa fase posterior. Vamos continuar a conversar sobre o que são as necessidades da Ucrânia, porque é de facto isso que está em causa", afirmou.

Fazendo um balanço da sua estreia em Conselhos ministeriais em Bruxelas, a ministra da Defesa admitiu ter ficado positivamente surpreendida pela "determinação e união" dos 27, designadamente em relação à Ucrânia.

"Foi uma reunião que me surpreendeu, a primeira reunião em que participo aliás como ministra da Defesa, pela forma como encontrei determinação e união dos ministros de um modo geral naquilo que são as questões que nos ocupam hoje", disse, sublinhando designadamente o "apoio generalizado" à Ucrânia face à agressão militar russa de que está a ser alvo.

Helena Carreiras disse ainda acreditar que os obstáculos colocados pela Turquia à adesão de Suécia e Finlândia à NATO serão ultrapassados, afirmando que essa é a convicção geral entre todos os Estados-membros.

A ministra confirmou que "houve um apoio generalizado à adesão da Finlândia e da Suécia, mas também a convicção de que essas divergências com a Turquia, que a Turquia colocou, vão ser ultrapassadas".

"O tom geral é que conseguiremos ultrapassar essas divergências. Os países estão a conversar e acreditamos que sim", afirmou, depois de, na véspera, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter renovado a ameaça de que Ancara vetará a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO se estes países mantiverem a sua política de "acolhimento de guerrilheiros curdos".

Na véspera, à saída de uma reunião dos chefes de diplomacia da UE, também em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, manifestou-se igualmente convicto de que "há uma boa base de diálogo que já está em curso entre a Turquia e a Finlândia e a Suécia" e que estes três países "saberão encontrar uma plataforma de consenso".

Já questionada sobre as críticas do PCP ao "explícito empenho do Governo português" no apoio manifestado à candidatura da Finlândia e da Suécia à NATO, a ministra da Defesa limitou-se a declarar que "é a vontade legítima de dois países soberanos, que apresentarão a sua candidatura procurando reforçar a sua segurança com esse movimento".

"Portanto, temos de respeitar e acolher essa vontade soberana desses países", concluiu.

Na segunda-feira, em comunicado, o PCP deplorou "o explícito empenho do Governo português neste novo alargamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e na escalada da confrontação", no que classificou como "uma clara expressão de submissão aos interesses dos Estados Unidos da América (EUA)".

À saída da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros celebrada na segunda-feira em Bruxelas, o chefe da diplomacia portuguesa reiterou que "a posição do Governo português será de acolhimento muito positivo e de apoio para a adesão rápida da Suécia e da Finlândia", sublinhou a necessidade de "um processo de adesão acelerado", atendendo ao atual contexto da agressão militar russa na Ucrânia, e disse mesmo contar que Portugal esteja entre membros da Aliança "mais rápidos" a ratificação a adesão dos dois países.

Notícia atualizada às 17:13

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